segunda-feira, 11 de maio de 2015

Laura Passos falou com o Tabuleiro, em entrevista exclusiva, sobre propaganda, agência e sindicato. Quer ver?

Já dizia a história que filho de peixe, peixinho é. Na casa dos Passos foi exatamente assim. Laura Passos, seguiu a carreira do pai, formou-se em design e foi trabalhar na Engenhonovo como assistente de produção. Passados 15 anos, ela acumula a vice-presidência da agência, que tem sede na Bahia, em Recife e em Brasília e a presidência do Sindicato das Agências de Propaganda da Bahia (Sinapro-BA).

Tabuleiro Publicitário: Como você percebe a propaganda baiana dos dias atuais?
Laura Passos: Comportada. Acho que essa palavra reflete bem o momento que estamos passando, com uma propaganda bem elaborada, certa, porém, pouco ousada.

TP: Muitos clientes gostam de “palpitar” durante o processo criativo dos anúncios. Muitas vezes, querendo colocar informações demais nos anúncios... Como você percebe esse tipo de cliente?
LP: Como pessoa de negócio, entendo perfeitamente esses pedidos, muitas vezes por insegurança, outras por necessidade de informar. Cabe a nós, publicitários, conhecedores do que fazemos, orientá-lo a não poluir, a selecionar as informações mais relevantes, a mostrar a melhor opção de layout.

TP: A tendência da propaganda baiana é ser mais criativa ou mais comercial?
LP: Sempre foi ser mais criativa, não é à toa que grandes nomes da publicidade baiana se destacam nacionalmente, mas hoje estamos mais conservadores, mais comercial, menos ousados.

TP:  Como é se dividir entre as atividades da agência e do sindicato?
LP: Quando aceitei presidir o Sindicato conversei muito internamente com meus diretores, precisava que nesses três anos de mandato eles me ajudassem ainda mais, pois meu tempo iria ser dividido. Hoje consigo conciliar, porém todos ao meu redor sentem um pouco mais minha ausência: clientes, equipe, filhos e marido.

TP: O Sinapro-Bahia tem buscado uma aproximação maior com agências do interior do estado através de seus cursos itinerantes. Onde eles acontecem e com quais objetivos?
LP: Quando assumi o sindicato, minha prioridade foi dar atenção ao interior, primeiro porque as agências da capital tem o suporte da ABAP - Associação Brasileira de Agências de Propaganda, e nenhuma agência do interior é associada a essa entidade, isso significa que o Sindicato precisava ter um olhar mais especial nelas. Fizemos encontros para saber as necessidades e aos poucos estamos tentando suprir essas carências, uma delas são esses treinamentos por departamentos. Levamos profissionais de agências maiores para dar uma aula ou uma reciclada nos profissionais dessas agências do interior.

TP: O sindicato também realizou uma parceria com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Com quais objetivos esta parceria foi firmada?
LP: Hoje a ESPM tem sede em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, o resto do Brasil tem uma carência de cursos mais específicos para os profissionais das agências, então fechamos essa parceria com a Escola através do EAD, então todos os cursos profissionalizantes que acontecem em São Paulo, transmitidos ao vivo diariamente. Temos aulas todos os dias da semana com temas diferentes e áreas diferentes, isso faz com que toda a equipe das agências do financeiro a criação usufrua dos cursos.

TP: Recentemente, o sindicato se reuniu com representantes do estado para solicitar a regulação da veiculação da publicidade legal do governo. Como ela vem acontecendo nos dias atuais e como o sindicato recomenda que seja?
LP: Hoje em dia não existe uma lei na contratação de veiculação de publicidade legal que exija que a empresa que compre essa mídia e veicule esses anúncios devem ser agências de comunicação, isso mais uma vez prejudica o nosso negócio. Então o Sinapro entregou um ofício para que a Secom solicite parecer da Procuradoria Geral do Estado acerca da regulamentação da veiculação de publicidade legal para o Governo do Estado. A modificação visa qualificar a veiculação de editais e outras publicações permitindo que esse trabalho volte a ser feito exclusivamente por agências de propaganda.

TP: Existe uma campanha de valorização do mercado publicitário baiano, que busca estimular a contratação de agências. Como o sindicato percebe as instituições que mantém em sua estrutura house agency?
LP: As houses são um mal para o mercado publicitário e para o próprio anunciante. Cada um deve fazer bem o seu negócio. Como uma empresa que vende eletrodomésticos, sua especialidade é essa resolve montar uma agência dentro dela? Nós agências de comunicação investimos alto em gente capacitada, cursos, treinamentos, trocamos informações e experiências até mesmo com outros clientes que atendemos para podermos prestar o melhor serviço, além disso, como atendemos diversos clientes e compramos muita mídia, nosso poder de negociação é maior, isso significa que o cliente irá pagar menos pelo seu anúncio veiculado. Então, montar uma house é uma ilusão e ruim para todos. 

TP: E os veículos que oferecem a criação de anúncios aos seus clientes? Em sua opinião, por que isso acontece?
LP: Os veículos fazem isso achando que vão conseguir vender mais fácil seu espaço publicitário, porém o Sindicato vem denunciando essa prática e evitando trabalhar com esses veículos, que normalmente são de pouca expressividade.

TP: Quais as suas expectativas para o futuro da propaganda baiana?
LP: Um futuro de grandes possibilidades em que, apesar de velhas práticas estarem cada vez mais frágeis e do consumidor acreditar cada dia menos na propaganda, ainda existe muito o que pode ser explorado.

TP: Com base em quais critérios o sindicato cria a tabela de custos para as agências associadas? Essa tabela não deixa de estimular a concorrência entre agências?
LP: Existe a Federação Nacional das Agências de Propaganda que nos ajuda a trocar informações entre os sindicatos, então nossa tabela é feita com base em estudos de outras tabelas do Brasil, sempre preocupados com especificidades da região. Por exemplo, nossa tabela para o interior do estado tem preços diferenciados, pois sabemos que é outro mercado. Ter uma tabela que norteei as agências é fundamental para existir uma concorrência leal, tendo como base de diferenciação entre elas o pensamento estratégico, a inteligência e não o preço.

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