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BRANDING DE BOTEQUIM
Marina Rezende*

Sou a única baiana de uma família de pernambucanos “arretados”. Minha mãe escolheu Salvador para viver pouco antes de eu nascer e fui presenteada com o carimbo de soteropolitana. Costumava dizer a ela, “não podia ter nascido em outro lugar”. Gosto de tudo! Da comida, do clima, da diversidade cultural, da riqueza histórica, da beleza natural e, acima de tudo, do povo. Ah, o povo e sua criatividade pulsante. Não falo da baiana do cartão postal, linda, com sua veste tradicional e aquele sorriso acolhedor, nem do capoeirista girando no ar. Falo de gente que nos proporciona uma experiência que vai além da contemplação. Falo de D. Celina, que aluga cadeiras de praia no Porto da Barra há 30 anos ou D. Maria do amendoim que roda os bares do Rio Vermelho vendendo amendoim cozido “super selecionado, freguesa”. Falo da Dinha do acarajé, do Gregório e seu abará, e da Pink que vende cachorro-quente com seu cabelo rosa trançado e seu carrinho de hotdog todo pintado de rosa, é claro. Falo de pessoas comuns que criam marcas fortes. Marcas com identidade, conceito definido, posicionamento. Marcas cuja longevidade é obrigação. Marcas que, com seu empreendedorismo leigo, fidelizam clientes, pois atendem a princípios básicos de qualidade e experiência de compra.  Marcas com propósito.

Se, por acaso, perguntássemos a uma dessas pessoas como gerem as suas marcas de maneira tão eficiente, como solidificam a relação com os seus clientes, em resumo, como fazem um trabalho de “branding” tão bem feito, a resposta seria um grande e sonoro “hein!?”. Então, pergunto a você: a sua empresa tem uma marca forte? Para responder afirmativamente a essa pergunta, listo alguns princípios básicos que sua marca tem que cumprir: 1. Tem identidade definida; 2. Possui conceito único 3. Promove experiência; 4. Cumpre sua promessa; 5. Transforma o mundo ao redor. Bem, se você atende a todos ou grande parte deles, bem-vindo ao time de D. Celina, D Maria, do Gregório e da Pink! Você está no caminho certo, prestes a construir uma relação verdadeira, sólida e duradoura entre sua marca e seus clientes. Agora, se sua marca não atende à nenhum ou grande parte dos itens aqui listados, recomendo a você dar um pulinho no Porto Barra, alugar uma cadeira de praia, tomar uma água de coco, aproveitar a vista e acompanhar o movimento. Vai ser uma experiência incrível.

*Marina Rezende é baiana, consultora de branding e diretora da Dendê Brands


COMUNICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA ÀS FILANTRÓPICAS
Roberto Sá Menezes*

Foto: Roberto Abreu
Quantas, das cerca de 18 mil instituições sem fins lucrativos da Bahia, você conhece? Muitas vezes, instituições filantrópicas passam despercebidas. Focadas em seu papel social, esse tipo de iniciativa geralmente se inicia sem estrutura, motivada pelo interesse em prestar um serviço necessário à população que não tem acesso.

Mas, é preciso estruturação e comunicação. É necessário uma gestão profissional, um olhar estratégico e planejamento. Além disso, um dos primeiros fatores que podem contribuir para que o negócio se torne (re)conhecido, diferenciado e adquira mais notoriedade, é uma divulgação direcionada, estratégica e, principalmente, criativa. Para que isso seja possível, é imprescindível conhecer o público-alvo e estudar o melhor canal e linguagem de cada um.

A busca pelo conhecimento também deve ser frequente e incessante, com atualização constante sobre as principais e atuais tendências da comunicação. Afinal, todos nós sabemos que quem “não é visto não é lembrado”. Por isso, um dos papéis mais importantes das filantrópicas é o de conferir maior visibilidade à instituição para arrecadar doações, através da máxima "promover para captar".

Tal visibilidade envolve ainda a identidade das instituições filantrópicas, que, por sua vez, podem auxiliar na construção ou reforço positivo de suas imagens, - apesar dos conceitos de identidade e imagem serem diferentes e obterem propósitos distintos.
Nesse sentido, a comunicação deve ser percebida e compreendida como uma espécie de “prestação de contas” necessária, já que normalmente são ofertados serviços de utilidade pública, que se fazem extremamente úteis à sociedade. Mas é importante destacar que comunicar vai muito além de prestar contas.  É uma forma de despertar a atenção e a importância pelo trabalho desenvolvido, levando ao conhecimento do maior número de pessoas sobre o “negócio” que, por sua vez, deve ser gerido com profissionalismo, transparência e ética.

A comunicação também pode ser utilizada como uma poderosa ferramenta e, concomitantemente, relevante, permitindo captação de recursos não só através de doações da população, mas abrangendo ações com grandes empresários e suas marcas. A iniciativa privada pode (e deve) estar junto das filantrópicas, a serviço do bem.

Mas, para que tudo isso seja viável, é preciso que haja uma gestão que compreenda a importância de viabilizar e estreitar o relacionamento entre a instituição e seus respectivos públicos. Prestar o serviço é nobre e necessário; comunicar e engajar é estratégia de sobrevivência.

*Roberto Sá Menezes é Provedor da Santa Casa da Bahia, fundador e presidente do Grupo de Apoio à Criança com Câncer da Bahia (GACC-BA), membro do Conselho Fiscal da Associação Obras Sociais Irmã Dulce (AOSID) e do Conselho Consultivo da Confederação das Santas Casas de Misericórdia do Brasil (CMB).


VOCÊ ACHA QUE AINDA VAI MANDAR RELEASE EM 2020?
por Patrícia Casseano*

No meio dos anos 90, durante minha passagem pela Folha de S. Paulo, a redação era bem diferente das atuais. A informatização já existia. O digital tinha chegado para ficar. Mas um aparelhinho curioso ainda ocupava espaço por ali: o Fax. E era logo na boca do Fax que outro item, este ainda atual nos dias de hoje, permanecia à espera de “alimento”: a lixeira.
Pois é, este fax recebia os releases das assessorias de imprensa. O lixo era o destino certo para vários materiais. Só consultávamos aquela bendita cestinha quando precisávamos ocupar espaço no jornal. E isso, meus amigos, foi há mais de 20 anos.
Estamos em 2016 e o mercado das assessorias caminha para um cenário ainda mais desafiador. Muitas estão migrando para o digital e oferecendo um "cardápio" integrado para o cliente: imprensa + mídias sociais. No futuro, acredito, este menu irá variar mais e mais. O motivo é simples: nosso modelo de negócios atual não é sustentável.
O mercado contemporâneo clama por novas atitudes e iniciativas. Vemos passaralhos aos montes, mídia tradicional perdendo espaço para veículos independentes/influenciadores e as assessorias no meio, tentando emplacar seus clientes. Tudo isso vai mudar muito nos próximos anos.
Teremos outras funções, muito mais como consultorias de comunicação do que qualquer outra coisa. Os clientes e grandes empresas ficarão perdidos, sem saber o lugar certo para investir. É aí que o nosso conhecimento como jornalistas e relações públicas entra.
Em 2020 nós não iremos mais enviar releases para as redações. Não há certezas sobre o cenário, mas posso apostar que nosso trabalho será baseado em experiências de marca feita com os influenciadores, veículos (aqueles que sobreviverem até lá) e jornalistas independentes. E claro: muita produção de conteúdo com o maior rigor quanto à qualidade nas mais diversas plataformas.
Não sei se seria exagero demais pensarmos na seguinte situação para daqui cinco ou 10 anos: uma agência de viagem que contrata uma assessoria de imprensa e precisa divulgar seu negócio. Entre pautas institucionais e produtos (leia-se aqui as viagens), ao invés da assessoria enviar um release, mandaria para a redação um Oculus Rift para que o jornalista tenha uma experiência, sem sair de sua cadeira, e conheça o destino de uma próxima viagem que irá indicar a seus leitores.
Ou ainda outro exemplo. Uma multinacional de iluminação que conte com uma empresa de assessoria para divulgar um novo componente. Então, o assessor enviaria os mesmos óculos para que o jornalista visite ambientes de uma casa e experimente o efeito de luz em cada local. Assim, decida por comentar ou postar um vídeo sobre o assunto no canal em que trabalhar.
No futuro, será ainda mais difícil encaixar uma pauta espontânea e as mídias proprietárias – os canais de seu cliente nas mídias sociais – serão de extrema importância para atingir o público. Talvez até seja o melhor dos caminhos, o mais direto ao consumidor. De toda forma será o mais trabalhoso, já que o consumidor será e estará ainda mais exigente.
Se o consumidor estará mais exigente, o cliente acompanhará esse movimento. Nesse sentido, outra peça desse jogo será colocada em xeque: o relatório de ROI. Afinal, como medir resultado nesse novo cenário? Isso também deverá ser repensado.
Até lá, essas apostas podem mudar. Um novo Facebook pode aparecer, o Youtube pode perder público, um novo modelo de transmissão pode começar a fazer sucesso, Jeff Bezos pode surgir com algo revolucionário na comunicação, Elon Musk também pode aparecer com uma invenção disruptiva, etc.
Mas não espere até lá. Comece a mudar agora. O seu cliente já tem canal no Youtube? Já tem página no Facebook? Blog? E-commerce? Não perca tempo. Lembra do futuro? Você está vivendo nele.
Não há certezas, é verdade, mas se continuarmos trabalhando como fazíamos há cinco, dez ou vinte anos, certamente teremos lugar garantido no único local que nos restar: a lixeira.
*Patrícia Casseano é Jornalista e Diretora-executiva do Grupo Image.

POTENCIAL DE CONSUMO JOVEM - EXPERIMENTAÇÃO E CICLOS
Por Ricardo Buckup*


O Brasil possui mais de 48 milhões de habitantes na faixa entre 15 a 29 anos*.
Um público potencial, ávido por consumo e ainda tratado sob rótulos, como um grupo homogêneo em comportamento e gostos.
É correto direcionar ações por faixas etárias ou geração? O melhor seriam ações direcionadas ao comportamento jovem e fases de experimentação.
Ligados por suas experiências, mais até do que por uma geração determinante, eles se reúnem em grupos de interesse em busca da sensação de pertencimento a algo. Procuram descobertas que garantam o prazer de viver o momento e proporcionam lembranças.
Estão no melhor momento de suas vidas. E estarão daqui a alguns anos também, pois acreditam em ciclos e pensam que a melhor fase é composta por momentos de realização e conquista.
Consumistas assumidos, os melhores investimentos envolvem a presença de amigos e a busca por conhecimento. Apesar de conectados quase que em tempo integral, não abrem mão do contato pessoal.
São jovens que querem consumir o que têm vontade, quando têm vontade. E a liberdade para administrar seus recursos é fundamental.
Formam um mercado que inicia uma relação mais próxima com seu próprio dinheiro.
Antenados e questionadores, querem conhecer de tudo um pouco – e nos abrem esta grande oportunidade da experimentação: estão abertos a novas experiências, mas são conservadores em relação ao consumo frequente e às marcas preferidas. Conquistá-los é difícil, mas se uma marca os conquista tornam-se relativamente fiéis a ela. E o trabalho de comunicação desta marca traz confiança.
E como seria esta comunicação em uma era de informação tão veloz e descartável? A mensagem parece fixar por poucos segundos e a construção de uma marca tornou-se um desafio constante.
O uso de diferentes mídias não os sufoca, mas são mais exigentes sobre o conteúdo, criatividade e ousadia. Em recente sondagem realizada pela B2 agência, marcas consumidas tradicionalmente não tiveram suas comunicações lembradas, o que nos atenta: se mesmo as marcas mais consolidadas não trabalharem públicos futuros, pode ser que daqui a pouco tempo sequer sejam lembradas e percam seus espaços para outras que, mesmo mais novas, saibam explorar os momentos de experimentação.
Olhá-los como indivíduos, como seres únicos, abre a vantagem no campo de relacionamento e fidelização. A personalização é vista como algo surpreendente. Receber uma carta, por exemplo, foi relatado nesta sondagem como causador de surpresa e impacto mais positivo que uma comunicação tecnológica.
Ações multiplataforma são apontadas como uma tendência que os agrada. Querem ser provocados a tomar a iniciativa de descobrir algo. Querem ser desafiados.
Se pensarmos apenas em ações voltadas ao público universitário, um nicho que representa 19% deste mercado, os ciclos de consumo se tornam oportunidades:

Fase 1 | a entrada na faculdade: época de explorar. Novas informações, novos lugares, amigos, baladas, viagens de lazer, morar em repúblicas para muitos.
Ações que envolvam entretenimento, lazer e a união da amizade são muito bem aceitas. Mas devem ter o cuidado de serem inseridas dentro do contexto.

Fase 2 | o início do estágio: novas responsabilidades.
Uma fase mais reflexiva, onde este jovem, ainda um pouco imaturo está inseguro com seu ingresso no mercado de trabalho. Ações que sejam focadas em gestão financeira, programas de estágio, assessoramento de carreira são bem aceitas.

Fase 3 | pré-formatura: viagens de lazer e especialização.
Um jovem que busca uma super qualificação e pretende alcançar postos de destaque no mercado de trabalho. Tem ambição e motivação para realizar e buscar suas conquistas e, muitas vezes, não tem medo de arriscar. Chega o momento de falar sobre investimentos pessoais, apresentar oportunidades de primeiro imóvel.

Fase 4 | recém-formado
O primeiro passo para uma vida independente. O jovem questiona-se sobre empreender ou seguir uma carreira. Avalia suas possibilidades em busca da realização profissional e começa a valorizar muito mais sua realização pessoal e a constituição de uma família. Oportunidades para consolidação das relações financeiras, para troca de veículos, para se pensar em um novo imóvel. Momento da especialização e desenvolvimento profissional.

Inquietos, imediatistas, impulsivos, sim. Mas questionadores, interessados, intensos. E com grandes oportunidades ainda a serem exploradas pelas marcas.

*Censo da Educação Superior 2011 | Inep
**com dados do Projeto Radar Y - B2 agência

Ricardo Buckup é vice-presidente de comunicação da AMPRO e sócio-fundador da B2 agência



GESTÃO FINANCEIRA DE AGÊNCIAS DE MARKETING PROMOCIONAL
Por Ricardo Beato

Falar sobre a Gestão Financeira de Agências de Live Marketing requer um conhecimento da atividade e alguma experiência. Durante minha carreira profissional, deparei-me com vários empresários do setor procurando o funcionário certo para a área financeira, em especial aquele que tivesse grande experiência e conhecimento específico da nossa atividade. Não é para menos, deparamo-nos diariamente com uma gama de variáveis que vão da forma correta de calcular os impostos, até a eterna briga com o Departamento de Produção que dificilmente consegue prazos de pagamento para os fornecedores semelhantes aos praticados pelos clientes com suas agências.
Definitivamente em nosso setor, o profissional financeiro não funciona da mesma forma que o dos bancos e os das grandes empresas, a começar pela dificuldade de elaboração do budget anual e por tabela, o fluxo de caixa. Hoje, com a disseminação das concorrências, prever o mês seguinte já é um grande desafio. Sempre ficamos na expectativa do cliente aprovar este ou aquele job e, uma vez aprovado, ter a certeza de que seus números não sofrerão alterações.
Um outro ponto importante é o da base de cálculo dos impostos: já vivenciei diversas situações, entraves e prejuízos devido a falhas e inexperiências nesse quesito. A AMPRO, através do seu Departamento Jurídico, propôs desde 2008 inúmeras ações tributárias para que os órgãos Federal e Municipais aceitem tributar apenas as receitas, a exemplo do que acontece com as agências ATL. Essa vitória será de suma importância, pois manterá as verbas focadas na atividade promocional ao invés de desviar boa parte dela para o pagamento de impostos. Esta é a minha principal bandeira na AMPRO e apoiada totalmente pela atual diretoria.
Espero que 2013 seja um ano de realizações significativas para a categoria, e que caminhemos em passos largos para a regulamentação da nossa atividade, almejada há muito por todos.


LIVE MARKETING
Por Kito Mansano*

Há algum tempo, estamos vivendo de maneira mais acentuada a transformação da comunicação como um instrumento de convencimento e de construção de relações entre anunciante e consumidor.
O Marketing Promocional é um dos principais impulsionadores deste movimento de transformação, uma vez que, há cerca de 15 anos, sua importância vem crescendo em larga escala no planejamento das marcas; ganhou status de imprescindível, deixando alguns céticos de boca aberta quando ouviram de seus contratantes “vamos usar esta verba para uma promoção”.
O difícil era entender que os filmes deveriam ser criados para vender a promoção e não o produto. A responsável pela venda do produto era a força da promoção.
Porém, isso já é passado, os novos criativos do mundo 2D já entenderam a necessidade de ter um especialista em Marketing Promocional no planejamento de suas estratégias.
Hoje, mais uma vez, o mundo orgânico da comunicação promocional está se reinventando e surge uma nova denominação para identificar empresas que fazem ações de marketing vivo. As agencias de LIVE Marketing.
Identificando este movimento, a AMPRO reposiciona o Marketing Promocional abraçando o conceito de LIVE MARKETING, que significa envolver o consumidor, independente da ferramenta promocional utilizada, valorizando a experiência ao vivo, com resultados imediatos.
O LIVE MARKETING passa a ser o guarda-chuva conceitual de todas as ferramentas do até então Marketing Promocional, com a diferença de ser mais abrangente, minimizando a dispersão da informação. Isso vale para ações ou campanhas que utilizam ferramentas tradicionais, como campanhas de incentivo, ativações no ponto de venda, eventos, promoções ou ações inovadoras, como mídias em redes sociais, aplicativos para smartphones, flash mobs, entre outros.
Nosso negocio é baseado em ações “vivas”, não é possível refazer um evento porque o som falhou, refazer uma promoção porque o premio não agradou o consumidor, ou pedir para torcedores voltarem no dia seguinte porque acabou a luz do estádio. Nosso negócio é Marketing Vivo!
Dentro dessa realidade, as agências mudarão seu posicionamento do atual Marketing Promocional para especializadas em LIVE MARKETING.
Estamos vivendo o momento de transformação e de solidificação de um mercado que fatura 40 bilhões de reais por ano e gera mais empregos que qualquer outra área da comunicação. Por isso, temos a certeza de que se destacarão as empresas que rapidamente trouxerem o novo conceito para dentro de suas estruturas.
Não é ousadia dizer que o futuro chegou e que, a partir da utilização do LIVE MARKETING, as agências entram em um maravilhoso mundo novo, onde o que vale é o resultado alcançado ao vivo, independente da ferramenta.
*Kito Mansano é presidente da AMPRO – Associação de Marketing Promocional e sócio-diretor da Rock Comunicação


O CUPOM DE DESCONTO E O PDV
Por Ricardo Brener (*)

Na década de 90, era muito comum circular nos supermercados e ser abordado por promotoras que nos falavam sobre os benefícios de um determinado produto e terminavam o discurso com um enfático “e você ainda ganha um desconto apresentando este cupom no caixa”. Esta modalidade promocional caiu em desuso devido, dentre outras coisas, à complexidade de negociação com os pontos de venda e a difícil logística de controle dos cupons resgatados nos caixas de cada PDV.

É curioso perceber como a cultura do cupom de desconto, tão arraigada nos Estados Unidos, nunca pegou por aqui. Lá, as empresas publicam cupons em todo tipo de veículo impresso (jornal, revista, folheto, guia, tabloide etc). Os americanos se acostumaram a recortar e organizar seus cupons de maneira a utilizar vários em cada ocasião de compra e, com isso, realizar uma economia relevante nos gastos da família.

O brasileiro parece nunca ter tido essa paciência e grau de organização. De todo modo, o mundo mudou muito nos últimos anos. Estamos vivendo a onda da Compra Coletiva, em que um grande desconto é dado no produto/serviço, caso um mínimo de cupons seja adquirido nestes sites. E mais recentemente surgiram sites de cupons de desconto. Aparentemente, uma evolução das compras coletivas, pois você só paga o produto ou serviço quando e se consumir, sem ter que esperar atingir um mínimo de cupons.

Isso quer dizer que não precisamos mais ficar folheando impressos ou procurando promotoras que nos ofereçam cupons de desconto. Com poucos cliques, acessamos várias oportunidades via internet. Ou seja, depois de muitos anos, a cultura dos cupons volta remodelada e com mais vigor. Para o consumidor, isso é uma ótima notícia. Para as empresas, esse é um canal de divulgação interessante. Porém, como fica o uso do cupom de desconto como estímulo às vendas no local, onde mais de 80% da decisão de compra é realizada, o ponto de venda?

Existem aplicativos para celular que divulgam descontos em lojas próximas de onde a pessoa se encontra, a partir da geolocalização. Outra solução já testada foi a disponibilização de promoções no celular através do Bluetooth, onde bastava estar com o dispositivo ligado para receber ofertas assim que entrasse na loja.

No fundo, não podemos dizer que alguma destas opções tenha obtido muito sucesso. Mas, na minha opinião, não é por estarem no formato errado, mas por terem chegado cedo demais. Para dar certo, temos que ter mais familiaridade com as novas funções do celular. E temos que ter massa crítica. Com o avanço da tecnologia e o interesse do brasileiro por novidades, não demorará para estarmos usando o celular como forma de pagamento. E o mesmo já descontará do valor a ser pago, todos os cupons de desconto que tenhamos disponíveis no aparelho.
* Ricardo Brener é sócio-diretor da Agita Brasil, especializada em Marketing Promocional –www.agitabr.com.br


BRINDES – POR QUE A CHINA FAZ A DIFERENÇA?
Por Ricardo Brener (*)

Brindes são fundamentais no mercado promocional e tenho percebido um aumento na demanda por ações do tipo “achou, ganhou”,  “comprou, ganhou”, “juntou, trocou”. Na busca por novas soluções, estive na China no mês de abril visitando duas das maiores feiras de brindes do mundo.
A principal delas, a Canton Fair em Guanzhou, é realizada em três fases, uma vez que o espaço de um milhão de metros quadrados não comporta os 60 mil estandes de uma só vez. É a feira de fomento às exportações chinesas onde se encontram expositores que vão desde peças automotivas a brindes promocionais.
Meu objetivo era trazer referências de brindes que poderiam ser importados ou adaptados e produzidos aqui. Posso dizer que esta visita proporcionou muito mais do que isso.
A China é uma aula de competência em geração de ideias, produtividade, custos e logística. Há muita oportunidade, mas vale dizer que qualquer processo de importação da China deve ser feito com empresas especializadas a fim de minimizar os diversos riscos envolvidos.
Dentre tanta coisa que vi, vale ressaltar uma tendência. Muito em breve teremos uma enxurrada de brindes com iluminação à base de LED. Para o nosso propósito, o que interessa dizer é que LED é um tipo de iluminação mais moderno, com lâmpadas de tamanho reduzidíssimo e baixo consumo de energia, o que o torna extremamente versátil. Como todo avanço tecnológico, LED era algo caro que vem sendo barateado a cada dia. Vi na China diversos brindes que já incorporam essa tecnologia a um custo acessível. Pinças com iluminação, cadarços que piscam, camisetas que brilham no escuro, até mini caixas de som com luz e água que interagem no ritmo da música. Esses custos cairão mais e, em breve, tais brindes serão mais comuns do que  imaginamos.
Mas independentemente do tipo de brinde, uma coisa que notei e me fez refletir sobre o porquê a China é a fonte de tantas das soluções promocionais, é que lá, busca-se cada vez mais o cuidado com o acabamento no produto final. Talvez a China seja o país que melhor entende a importância de “parecer ser”.  Vou explicar. Se eu fosse pensar numa empresa alemã fazendo brindes, estes seriam de alta qualidade, porém caros. Brindes que provavelmente durariam a vida toda. Se essa empresa fosse no Brasil, seus brindes seriam mais baratos, sem muito compromisso com a aparência, pois afinal, não se pode esperar muito de algo tão barato. Mas na China, existe o verdadeiro conceito de brinde de baixo custo, mas com ótimo acabamento, o que lhe confere mais valor.
Para promoção, a mentalidade chinesa está muito à frente. Afinal, custo baixo é inevitável, então, que a partir daí, se consiga a melhor aparência possível. Mais do que “ser” ou ter justificativa para “não ser”, a China tem crescido no mercado de brindes “parecendo ser”, e está certíssima. Temos muito o que aprender com eles.

(*) Ricardo Brener é sócio-diretor da Agita Brasil, especializada em marketing promocional.www.agitabr.com.br


O QUE NÓS PUBLICITÁRIOS TEMOS COM O PRÓXIMO V CONGRESSO?
Por, Humberto Mendes*
Temos tudo a ver: realizar o primeiro Congresso de Propaganda em outubro de 1957, no Rio de Janeiro, foi o primeiro grande passo das agências para tirar os publicitários da condição de meros corretores de anúncios (nada contra os corretores). O evento contribuiu ainda para retirar a publicidade de um conceito que prevalecia até entre nós, de que éramos uma atividade pouco confiável.
Comandado por importantes profissionais como Emil Fahrat, Renato Castello Branco, Rodolfo Lima Martensen, Armando D’Almeida, Caio Domingues, Armando Moraes Sarmento, Geraldo Ramos, Geraldo Alonso, Aldo Xavier, João Dória, Jose Kfouri  e outros, que nos legaram seus exemplos de profissionalismo e amor ao ofício, o  Congresso de Propaganda foi a primeira grande iniciativa, e os realizados até aqui, foram o ambiente onde as agências discutiram e aprovaram propostas fundamentais. Entre elas destacam-se o Código de Ética dos Profissionais de Propaganda, a Lei 4.680, o IVC, as Normas Padrão para o Funcionamento das Agências, a valorização do ensino da propaganda e marketing, o aprimoramento dos serviços de pesquisas do Ibope, Marplan, e outros especializados em estudos mercadológicos, a criação do CONAR  e demais dispositivos técnicos e legais que elevaram nossa propaganda  a um patamar de atividade ético, respeitado e dos mais confiáveis e premiados mundialmente.
Tudo isso mostra para os publicitários, a necessidade e importância dos Congressos de qualidade, na responsabilidade de colaborar para a realização de  um evento de nosso maior interesse. E vamos fazê-lo, marcando presença no V Congresso Brasileiro de Publicidade, realizado pela Associação Brasileira das Agências de Publicidade (ABAP), que acontecerá no mês de maio, em São Paulo.
Na Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) e nos Sindicatos das Agências de Propaganda (Sinapro’s) de todo o país, sobre os quais podemos falar,  não estão sendo poupados esforços nesse sentido.
* VP Executivo da Federação Nacional das Agências de Propaganda

O SIMPLES QUE FAZ A DIFERENÇA

Por Flamarion de Cerqueira Reis

Para uma pequena empresa sobreviver é uma luta que parece não ter fim. Dia após dia, sol após sol, imposto atrás de imposto. Mas será mesmo que a permanência de uma pequena empresa no mercado depende apenas da boa vontade do governo? 
Depois dessa indagação, saí de casa com um compromisso pessoal. Testar o atendimento de pequenas empresas de Salvador. O resultado? A indagação se transformou em indignação. Vamos lá!

Os termômetros marcavam mais de 30 graus, o sol estava tinindo e a proximidade da orla me parecia um convite para tomar uma cerveja gelada. Sento em um bar e nada. Ninguém se aproxima, ainda percebo a cara feia de alguém no balcão que parecia não gostar nem um pouco da minha presença por ali. Desconfiado, olhei para a porta pra me certificar de que realmente o bar estava aberto. Sim, ele estava. Olhei para um lado e depois para o outro pra ver se eu havia sentado em um lugar interditado, proibido.... nada. Chequei se a mesa estava interditada e decido sair daquele lugar.
No estabelecimento ao lado. Há! O estabelecimento ao lado! Sentei e logo me atenderam. Pedi a cerveja (e olha que eu já nem estava com tanta vontade dela assim) e grande foi a minha surpresa quando olhei no relógio e ele já marcava quase cinco minutos até que a cerveja fosse trazida por outra pessoa que não esbanjava o sorriso com a qual fui recebido. Me senti pedindo um favor. Ainda que soubesse que logo viria a conta e mais dez por cento pelo atendimento. Refrescância? Nada! A cerveja parecia nem ter ido ao freezer. 
Dali entrei numa loja. Duas lindas atendentes me olharam, se olharam, refletiram, até que uma delas abriu um sorriso e me deu um bom dia. Eu ainda busquei um espelho pra me olhar, ver se eu estava com os cabelos assanhados, maltrapilho. Mas não. A vendedora passou a se sentir mais confortável conforme ela ia percebendo meu real interesse pela mercadoria.
Decidi interromper nesta hora a minha pesquisa. O fato estava consumado e as minhas suspeitas comprovadas. Muitos pequenos empresários reclamam de suas dificuldades para manter um pequeno negócio, mas nada fazem com relação à fidelização e satisfação do cliente. Ou será que desenvolver um padrão mínimo de bom atendimento, com direito a um sorriso, um bom dia contagiante custa caro demais para ele? E, ainda que o produto ou serviço não surpreenda o cliente, que ao menos esteja de agrado ou como deve ser?
Meu telefone toca e, do outro lado da linha, uma amiga dizia que estava ganhando pouco no trabalho em que ela estava, mas como lá havia muita gente, em vez de procurar outro emprego (o salário era a única insatisfação dela nesta empresa) ela havia decidido se tornar uma consultora de beleza e queria encontrar-se comigo para me apresentar a marca que ela estava revendendo e lá fui eu.

Fui recebido com um caloroso abraço de quem eu já não encontrava fazia algum tempo. Ela queria saber como estava toda a minha família, as minhas novidades e demonstrava o quanto estava feliz por me ver. Depois que respondi a todas as suas perguntas e saciei todas as suas curiosidades, falei que não podia demorar muito pois ainda tinha que buscar uma tia que vinha passar uns dias em Salvador no aeroporto. Essa foi a brecha que a minha amiga teve. Perguntou de onde a minha tia era e me lembrou que ela ia estranhar o calor que estava fazendo em Salvador. Que o sol poderia prejudicá-la. Que era para lembrá-la de tomar bastante líquido para se hidratar e que essa informação também servia pra mim, afinal, ela havia percebido que as minhas mãos estavam com sinais de ressecamento. Resultado? Comprei um protetor solar para presentear a minha tia e um hidratante para as mãos para mim. Passado uns dias, ligou novamente para saber se minhas mãos haviam melhorado e se minha tia havia gostado do presente. Foi quando eu lembrei de um aniversário que tinha pra ir e encomendei um perfume.
Ok, em uma empresa, lidando com um cliente que você nunca viu na vida é mais difícil agir dessa forma. O caloroso abraço, então, se torna algo impossível. Foi quando lembrei de uma historinha que eu sempre levava para os meus alunos, na época em que eu era professor. A história narrava o final do primeiro dia de trabalho de um jovem rapaz. O gerente da loja que ele trabalhava perguntou como ele havia se saído e quantos clientes havia atendido.Insatisfeito com o rapaz que havia atendido apenas um cliente o gerente estranhou o valor da única venda realizada por ele. Muito maior que a venda realizada pela soma de todo o restante da equipe. O gerente da pequena loja então indagou perguntando o que ele havia vendido. Após ouvir a resposta ele disse que o novo vendedor tivera muita sorte em realizar uma venda daquele valor. Foi então que o rapaz respondeu que não havia sido sorte. Que ele apenas identificou a oportunidade de oferecer um bom fim de semana a uma pessoa que havia entrado lá para saber onde havia uma farmácia porque a mulher dele estava naqueles dias.
O rapaz nasceu para vender? Tinha tino para os negócios? Deixava a sua necessidade em ganhar a comissão falar mais alto? Não. Esse rapaz simplesmente tinha empatia e fazia pelos outros o que ele iria gostar que fizessem por ele. Atendeu com um sorriso, puxou conversa e sugeriu uma solução a quem ele percebeu como sendo um cliente em potencial para aquele pequeno estabelecimento que vendia artigos de pescaria.
O cliente percebeu no vendedor, uma preocupação em ele não ter um final de semana ruim, em lhe proporcionar momentos de relaxamento para ele e para a sua família. E isso não necessariamente implica se preocupar com valor de venda ou comissão. E isso me faz lembrar de uma amiga, que ao ouvir de uma cliente que era compradora compulsiva, não permitiu que ela comprasse muito. O resultado disso? A cliente ficou satisfeita por saber que podia confiar na vendedora e acatar suas sugestões, como passou a indicar a loja e a vendedora para várias de suas amigas. A vendedora com isso? Ora, garantiu uma comissão ainda maior do que se realizasse apenas uma venda para uma pessoa que depois ia ficar aborrecida por ter gastado tanto.
Na Era do Cliente é assim. É ele quem manda. É ele quem decide, porque é ele quem pode. E se você não o trata bem, não o faz se sentir à vontade, não cria uma relação de confiança, ele não volta. E, conquistar um cliente novo é bem mais caro que manter um cliente fiel.

Sem custos, você pode
Converse com sua equipe. Um bom dia, boa tarde, boa noite caloroso seguido de um sorriso faz toda a diferença;
Uma pequena empresa pode se agarrar ao atendimento. Oriente seu vendedor a se colocar no lugar do cliente. Atender com um sorriso no rosto. Entender o que o cliente diz e sugerir as coisas certas.
Ninguém trabalha para o patrão. Todos nós somos donos de nosso próprio negócio. Se o cliente fica satisfeito, a empresa vende mais, cresce mais rápido e nosso trabalho é reconhecido.
Crie um vínculo com seus clientes. Faça um pequeno banco de dados e ligue pra ele nas promoções, mande cartões de aniversário e fale sempre com ele das novidades que chegarem ao seu estabelecimento.
Lembre-se: é do pouco que se faz o muito. São pequenas atitudes como a de um excelente atendimento que vai fazer com que o cliente te indique aos amigos e volte a comprar de você.
Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing.

JAZZ NA PRAIA DO FORTE PARA QUEM É DE DIREITO
poro Leonardo  Cunha*
Advogado e cantor comemoram sucesso

Montar um festival de música internacional não é coisa fácil. Imagine o Phoenix Jazz Festival de Praia do Forte, que reuniu o músico norte-americano Stanley Clarke, Armandinho e Milton Nascimento, dentre outros grandes nomes da música mundial de sexta-feira (17) até o domingo (19), e que é predominantemente instrumental?
São artistas de diferentes lugares do Brasil e que vêm do exterior e, cada uma tem uma maneira diferente de pensar o negócio. Alguém precisa coordenar toda essa diversidade cultural e organizacional para formalizar estes vários encontros de pessoas e empresas de acordo com a legislação local.
Essa é a base da assessoria jurídica, que envolve todo o trabalho de direito autoral, direito de imagem, a gestão dos contratos de patrocínio e a organização das atividades entre os sócios, criação dos contratos com os artistas, contatos com gravadoras, etc.
E isso se complica, num sentido prazeroso, porque o jazz se relaciona diretamente ao direito do intérprete. Isso consta lá na legislação, mas a prática é muito pouco evoluída no Brasil. No jazz acontece aquilo que a gente chama de intermusicalidade e a improvisação.
A improvisação é pura, do cara chegar e tocar uma coisa que ninguém nunca ouviu, e a intermusicalidade é um poutporri, uma mistura de músicas que contem uma musicalidade em uma sequência.
No jazz você tem citações de três ou quatro frases, de um conjunto de compassos, de algumas frases de uma música de outro artista no meio de uma improvisação. Os juízes brasileiros conhecem muito pouco esta realidade.
Os empresários e os artistas pedem muito para que nós da parte jurídica expliquemos esses direitos, porque eles ainda são reféns das gravadoras. As gravadoras normalmente prestam assessoria jurídica para “seus” artistas. Claro, se o advogado é pago pela gravadora... O normal é que ele defenda a gravadora e não o artista, que é representado a reboque.
Quanto o foco passa a ser o artista e a arte, tudo muda de figura. O importante não é vender o maior número de CDs, DVDs, etc. O importante é que o artista fique o mais conhecido possível. Que o público perceba os valores que o artista representa. Como, por exemplo, a praia, o campo, a adolescência, o amor, a juventude. Este valores, se claramente estabelecidos, geram uma identificação entre artistas, segmentos do público e marcas. Esse artista passa a ter outras fontes de renda: a publicidade, cada vez mais espetáculos, com cachés mais elevados. Dois exemplos clássicos deste tipo de pensamento são Lobão e B-Negão. No jazz isto começa a se construir muito bem em torno da Diana Krall.
E, se o objetivo da carreira do artista muda, a cultura jurídica de sua assessoria precisa estar à altura dos novos tempos. Jazz e direito não funcionam sem muito preparo, sem muita bagagem, mas, ao mesmo tempo,  para serem de vanguarda, precisam de muita inovação.
Para o artista com grande público na web, a gestão de direitos autorais precisa ser focada no compartilhamento e não no rareamento artificial do acesso à música (que é o modo de trabalho das antigas gravadoras).
O jazz é uma mistura musical, instrumental e virtuosa, que abre espaço para muitas questões sobre direito autoral.  No Jazz o intérprete é um co-criador de primeira escala. Instrumentos, ritmos, músicas e artistas se misturam dando origem a muitas outras criações. Mas no final das contas o que vale mesmo é o prazer de ouvir ótima música em plena Praia do Forte, não é verdade?
*Mauro Leonardo Cunha é advogado, sócio da BCCTorres Advocacia Corporativa, e assessor jurídico do Festival de Jazz de Praia do Forte


COMPORTAMENTO E QUALIFICAÇÃO TÉCNICA: QUAL DOS DOIS VOCÊ ACREDITA QUE FAZ A DIFERENÇA EM SEU AMBIENTE DE TRABALHO?

*Antonio Carlos Palmeira Salles
Algum dia você certamente já precisou levar seu currículo para alguma empresa ou instituição, com o objetivo de conseguir um emprego ou participar de algum concurso público.
Nesse currículo existiam informações do tipo: “Sou uma pessoa que sabe se relacionar bem com minha equipe de trabalho.” Ou: “Tenho uma excelente capacidade de ouvir os outros.” Ou ainda: “Sou transparente e flexível nas minhas opiniões e colocações.” E mais ainda: “Tenho facilidade em me encaixar na cultura, nos valores e no ambiente da organização?”
Não????
Provavelmente, não. Lá existiam, certamente, além de seus dados pessoais como nome completo, data do nascimento, endereço, números dos documentos e outros, informações do tipo: “Cursei o primeiro (ou segundo ou terceiro) grau no colégio tal”, “Terminei meu curso superior de (profissão) na Faculdade tal”, “Possuo Pós-Graduação em....”, “Trabalhei nas empresas ‘A’, ‘B’ e ‘C’ nas áreas de...”, “Participei dos seguintes
Congressos e Seminários (relação)” e assim por diante.
O que significa que, se você foi contratado, certamente o foi por causa de suas excelentes habilidades e qualificações técnicas. Esses são, na verdade, e na grande (mas grande, mesmo) maioria dos casos, os motivos pelos quais as organizações contratam: porque o profissional tecnicamente é um excelente vendedor, um excelente engenheiro, um excelente auditor fiscal, um excelente analista de sistemas e assim por diante. Só depois, e nem sempre, é que as organizações se preocupam em verificar características como aquelas que citei no início desta matéria (aquelas que provavelmente não estavam no seu currículo). Aí pronto, já está gerado o maior problema: “O cara é complicado. E agora? O que fazer para demiti-lo? O que dizer a ele?”.
Na edição de maio de 2000, a revista Você S/A publicou uma matéria a respeito dos comportamentos e atitudes das pessoas, dando ênfase em seu lado profissional, que afirmava o seguinte: “Diplomas e competência não bastam: 87% das empresas demitem por problemas de conduta”. Ou seja, apenas 13% das demissões são provocadas por falta de competência técnica dos profissionais.
Agora, o que é pior: Segundo a pesquisa, 61% dos profissionais entrevistados acreditam que perderam seus empregos por problemas de atualização, de conhecimento e de habilidade técnica ou por falta de experiência, e apenas 20% afirmaram ter sido demitidos por problemas comportamentais. Ou seja, na hora de demitir, quase ninguém chega para o profissional e diz a ele os reais motivos pelos quais ele está sendo demitido. E assim, o profissional sai do emprego achando que precisa melhorar em termos de conhecimentos, precisa se capacitar mais tecnicamente, e não percebe que precisa, na verdade, buscar melhorias como pessoa, e não como técnico. Precisa se conhecer melhor, analisar suas atitudes, enxergar as situações onde alguns comportamentos seus estão trazendo resultados positivos e/ou negativos em sua vida pessoal e/ou profissional. Consegue uma outra colocação e corre o grande risco de tornar a acontecer tudo de novo.
Mas, esqueça um pouco essa coisa da demissão...
Até porque, ruim mesmo é conviver diariamente com pessoas que possuem atitudes opostas, por exemplo, às citadas lá em cima. Pessoas assim não vão, certamente, colaborar para um bom clima no ambiente de trabalho, concorda? E como é que você se sente tendo que ir ao trabalho, encontrar alguns “complicados” e conviver com eles durante dias, semanas, meses, anos?
Agora, vou jogar um pouco de lenha na fogueira: E se VOCÊ for uma dessas pessoas?
Não??? Impossível???
Não, não é impossível. Já parou pra pensar nisso? Que, assim como os demais, talvez você não esteja percebendo claramente quais são as suas atitudes no dia-a-dia? E como elas podem estar ajudando ou atrapalhando você como pessoa e/ou como profissional?
Isso pode, sim, estar acontecendo com você e só você pode mudar isso. Todos nós possuímos uma coisa chamada “base condicionada de comportamento”, ou seja, todos nós temos uma base comportamental que foi adquirida ao longo do tempo, e que nos condiciona a agirmos repetidamente de algumas maneiras. Isso nos leva, na maioria das vezes, a não perceber que estamos praticando algumas atitudes. Fazendo algumas coisas, digamos, mecanicamente. Algo assim como você dizer para alguém: “Por que você só fala gritando com as pessoas?” E esse alguém responde (aos gritos): “Eu? Tá louco? Eu, gritando com as pessoas?”.
Isso é um exemplo de base condicionada de comportamento. Aquela atitude já se tornou mecânica, a pessoa faz e já nem percebe mais. E se não percebe mais, não sabe se isso está sendo positivo ou negativo para ela.
Nesse momento, você pode estar se perguntando: “E agora? O que fazer? Será que ainda tenho salvação?”.
Claro que sim... Hoje, muitos profissionais e organizações estão investindo no aprimoramento do Desenvolvimento Comportamental através de trabalhos especializados. Seminários comportamentais, que se utilizam normalmente da andragogia (ciência que trata da aprendizagem do adulto) e baseados em alguns modelos do CAV – Ciclo de Aprendizagem Vivencial estão sendo amplamente procurados para formar cada vez mais profissionais capacitados a buscar um melhor auto-conhecimento de suas atitudes e comportamentos. Não são Seminários de auto-ajuda, e sim de métodos que fazem, através de vivências, o profissional enxergar mais claramente a necessidade de produzir mudanças em seu dia-a-dia, se ele assim o desejar.
Finalizando, não quero aqui desmerecer a técnica. Ela é importante (e muito, muito importante), e enfaticamente utilizada em nossa formação profissional. Só que a técnica normalmente é igual para todos, o que faz a diferença é o que você está fazendo com toda esta técnica. Se não fosse assim, todos sairiam das faculdades e universidades excelentes profissionais. E todos teriam muito sucesso. Mas não é bem assim...
Temos hoje uma grande variação na qualidade dos profissionais, sejam de qual área forem, e essa variação não acontece , na maioria das vezes, por causa das habilidades técnicas. Acontece por causa da maneira como esses profissionais se comportam em seu ambiente de trabalho. O comportamento, que começa a ser formado desde que nascemos, é a base de tudo. Antes de sermos profissionais sempre fomos (e somos) pessoas. E pessoas diferentes umas das outras.
*Antonio Carlos Palmeira Salles é empresário, Diretor Executivo da PCenter Consultoria Ltda e facilitador de Seminários na área comportamental, em programas como o Empretec (PNUD) e Saber Empreender (SEBRAE). É um dos desenvolvedores da Metodologia Comportamental utilizada no Seminário EVOL – Desafiando Líderes (http://www.evoltraining.com.br/). E-mail: acsalles@evoltraining.com.br


CLUBE DE DESCONFORTO COLETIVO – MUITA CALMA NESSA HORA
*Flamarion Reis


Na internet, assim como na televisão, nada se cria, tudo se copia. Foi a partir daí que a grande tendência dos clubes de descontos e sites de compras coletivas, que viraram febre nos Estados Unidos, invadiu o mercado brasileiro, mudando a forma de se comprar e indo de encontro à grande premissa da economia que determinava o valor de um produto tendo por base, a sua procura no mercado. Nos últimos quatro meses de 2010, os sites de compras coletivas brasileiros faturaram quase R$200 milhões. E, cada vez mais, novos sites desse segmento surgem no mercado, até pela facilidade e baixo investimento com que se pode montar um. O Be Club, por exemplo, nasceu com a proposta de facilitar a vida daqueles que querem entrar no negócio, de forma semelhante aos “faça fácil” que permitiu a popularidade dos blogs.
A ideia inicial seria se basear numa ação de marketing para, através de preços baixos, levar mais clientes a experimentar novas empresas e oferecer a essas empresas a oportunidade de conquistarem e fidelizar mais consumidores para seus produtos ou serviços. Assim, esses sites procuram parceiros que oferecem descontos de até 90%, pagam 35% de comissão a esses sites e determinando a quantidade de compradores para que a promoção seja ativada. Então, um cupom de desconto é enviado aos compradores. Um ambiente propício para a compra por impulso. Já que muitas pessoas visitam diariamente esses sites para saber qual a promoção do dia e acabam por querer comprar cada vez mais aproveitando os tais preços baixos. Ao cliente cabe o “tirar vantagem” em consumir algo pagando muito pouco. 
Com crescimento superior a 200% a cada 3 meses, o número de sites de compras coletivas e clubes de descontos vão crescendo, segmentando-se, atraindo muitos investidores, principalmente as próprias empresas de comunicação como a editora Abril, com o Bananarama; a RBS, com o Desejomania; apresentadores como Luciano Huck, com o Peixe Urbano ou até mesmo publicitários, como o baiano Luciano Midlej e o seu Bondesconto.
Leiautes atrativos, descontos imbatíveis, botões grandes e os cliques, maiores ainda. Um restaurante patrocinado por uma cervejaria chegou a comercializar através de um desses sites 200 cupons de descontos em 10 minutos. 
Ainda que os cupons tenham um prazo de validade longo, a grande procura por determinada empresa acaba por despistar alguns clientes que não vêem nas empresas parceiras uma estrutura que suporte atender a muitos clientes de vez ou até mesmo, a afastar quem já é cliente habitual por não conseguir mais frequentar determinado lugar por estar com reservas de quem comprou com descontos pelo site parceiro. Além de outros eventuais embaraços que já estão vindo à tona como, cobrança duplicada por cupom emitido e que já começam a aparecer nos órgãos de defesa do consumidor. 
O certo, é que quanto mais a tecnologia avança, mais essas empresas também avançam. E, se antes elas informavam a promoção quando você entrava no site a qual é cadastrado, hoje é possível ver outros que já mandam torpedos diários informando as promoções e até mesmo, com versões para iPhone em que você não precisa imprimir o cupom e pode identificar promoções em qualquer cidade, em caso de viagem. E mais ainda. Hoje já é possível fazer parte de um outro clube, o de troca de cupons, já que muitos clientes têm encontrado dificuldade em desistir de uma compra nesses sites eles vão no Troca Desconto e trocam ou vendem seus cupons. 
Aquelas empresas que apresentam uma estrutura capaz de atender bem a uma grande demanda em pouco espaço de tempo, acabam se dando bem e conquistando novos clientes que depois voltam a comprar sem os tais cupons, mas aqueles que não têm essa estrutura podem, mais adiante, acabar por reduzir sua lucratividade e a qualidade dos produtos que oferece com risco até de fechar as portas e, no final, é para o empresário que o barato pode sair caro. Ainda mais em tempos de rede social, em que, com a mesma quantidade de cliques que se pode comprar um produto, se pode fazer um boca-a-boca e acabar com a reputação de qualquer lugar. 
O negócio é bom, é lucrativo e, assim como muitos clientes, muitos empresários parceiros desses sites podem se dar bem, mas para isso é necessário se estruturar, se organizar, para que a primeira imagem que esse cliente tenha de seu negócio seja positiva para ele e lucrativa também para o empresário parceiro desse sites que estão mudando a forma de vender e, principalmente, de comprar.

Flamarion de Cerqueira Reis publica o Tabuleiro mais Publicitário da Bahia (www.tabuleiropublicitário.blogspot.com).


O MARKETING QUE TODO MUNDO FAZ
Flamarion de Cerqueira Reis*
Muita gente sempre quis saber o verdadeiro conceito de marketing. Eu preciso saber do real valor do marketing para as organizações. Está tudo muito padronizado para não dizer “igualzinho”.
Alguém criou o programa de fidelidade, daqueles que se acumulam pontos. Todo mundo fez igual, exatamente igual. Depois transformaram esse clube de pontuação em uma nova fonte de renda para suas empresas. Até que alguém teve a feliz ideia de juntar várias empresas em um único programa de fidelidade. E tudo o que conseguiram foi reduzir custo nas empresas que mantinham esse programa. Tudo bem! Reduzir custos para a empresa também é papel do marketing. Então partiram para os clubes de descontos ou de compras, ou como queira chamar. Ok, excelente estratégia se o consumidor soubesse de fato para que eles servem.
No princípio, marketing servia para deixar o piso dos shoppings escorregadios para que os clientes andassem cada vez mais devagar e passasse mais tempo diante das vitrines. Depois, a aposta foi na iluminação, para que perdessem a noção do tempo e ficassem mais tempo nesses estabelecimentos. Todo mundo fez. Então, você diz que estão certos e que se deu certo com um, vai dar em todos e que a gente só não precisa de excesso de iluminação e piso escorregadio em bancos e nas repartições públicas porque lá já ficamos mesmo a mercê de um atendimento lento e das longas filas. E eu completo: esqueceram de ensinar marketing nas próprias escolas de marketing.
Estamos em novembro e a grande maioria, pelo menos aqueles que não dependem do 13º, já entrou no espírito de Natal. Você já parou para ver os presépios de Natal dos shoppings de Salvador? Uma verdadeira presepada. Tudo igual. Árvores nas alturas, uns bonequinhos aterrorizantes e o povo aterrorizado com os altos preços praticados pelos lojistas que têm que sustentar o luxo do shopping, que por sua vez, aumenta conforme a concorrência chega. Ok. Isso também é marketing. E todo mundo faz. Como se o verdadeiro espírito do Natal fosse Papai Noel de barba falsa e um coral que ninguém sabe de onde veio, muito menos para onde vai. Pelo menos temos os sorteios dos automóveis, em que os grandes diferenciais são: a escolha da marca e modelo do carro que possivelmente você queira ganhar.
Então, os bancos oferecem aos seus clientes descontos de 50% nos altos e injustificáveis preços do cinema para quem comprar o ingresso e pagar com o cartão daquele banco. Mas, quase todos os bancos fazem isso ao invés de se reduzir a entrada dos cinemas à metade. Iludir o consumidor não é uma boa estratégia de marketing. Mas quase todos eles fazem.
Nas datas especiais todo mundo já sabe. É tempo da promoção “troque e ganhe”. Como se só isso fosse marketing promocional. Então, você vai comprar no shopping, com o seu cartão, tendo por base o que vai querer ganhar. Afinal, é só juntar x em nota fiscal mais y em Reais e trocar por qualquer coisa decorada. Vale tudo. Até todo mundo fazer.
Sinto falta das verdadeiras ações de marketing e de promoção. Daquelas que divertiam, conquistavam e fidelizavam verdadeiramente. Mas, num tempo em que podemos chamar as escolas de marketing de templos de catequização à padronização, só nos resta mesmo, lamentar.
*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing que tenta ser criativo sem ser repetitivo. Publica o Tabuleiro mais Publicitário da Bahia (www.tabuleiropublicitário.blogspot.com) e a coluna Go Tabuleiro na revista Let's Go Bahia.

ASSESSORIA DE IMPRENSA. OU, LIGADO 220 VOLTS
Viviane Coelho*
A Assessoria de imprensa tem por função primordial, zelar pelo bom relacionamento e imagem de uma pessoa física ou jurídica, com o objetivo de fazer essa empresa/pessoa/marca conhecida para seus stakeholders (ou seus públicos mais influentes).
Mas, na prática, qual é essa função?
Redigir textos de release, fazer clipping, ler tudo que teve, tem ou possa vir a ter ligação com o negócio de sua empresa, manter contato direto com clientes, fornecedores, funcionários, imprensa, comunidade, governo. Tentar prever o pode vira dar errado, e o que pode dar certo. Manter o cuidado excessivo com o modo de passar as mensagens, lidar com egos inflamados, personalidades distintas e saber que tudo é urgente.
Em suma, a assessoria tem que divulgar (e bem) o nome da instituição sem necessidade de pagar por uma matéria, nota ou citação.
Explicado o processo, vamos ao cotidiano da profissão. É muito bom estar em contato com diversos tipos de pessoas. Gente de toda sorte, com todo jeito, entretanto, nem tudo são flores e é preciso muito jogo de cintura para saber lidar com os imprevistos.
O acesso à informação deve ser constante, não apenas por curiosidade, mas, uma (boa) obrigação em se manter informado, não apenas sobre a pessoa ou empresa assessorada como também, sobre o mercado, o estado, o país e o mundo.
Recebo cerca de 30 infomails por dia sobre diversos assuntos ligados ao mercado no qual atuo e outros que não tem nenhuma relação. Também envio e-mails sobre ações e informações da empresa, mas, a tecnologia algumas vezes resolve brigar com a assessoria, o servidor se “rebela” e envia os e-mails 5, 10, 15 vezes ou então não enviar nenhuma. Aí, o que resta é respirar fundo e seguir em frente.
A assessoria é o setor mais itinerante da empresa, e não apenas fisicamente.  Arrisco dizer que seja o “cavaleiro andante” tamanha é a interação que precisa ter com todos os setores da empresa. E isso envolve muitos e-mails, telefonemas e andanças...
Na tradução para o inglês, o termo equivalente para assessoria é Publicity, que algumas pessoas podem confundir com publicidade. Mas, nesse ramo louco e viciante da comunicação, não estamos todos interligados e também fazendo um pouco de publicidade de nossas empresas?
*Viviane Coelho é Relações Públicas e Assessora de Imprensa da Mago Comunicação.



KALIL GIBRAN E A PUBLICIDADE DO AMOR
Maíra Bahia*
A publicidade busca o eufemismo, as sublimações que driblam o estado consciente e marcam um gol no inconsciente. Ela busca ser literária, conotativa, metafórica, como um poema romântico que adoça o coração e estimula as emoções. 

Khalil Gibran em “O Profeta” diz exatamente os predicativos da publicidade quando se refere ao amor. A publicidade é um amor? Não, acredito que não... ela é meio diabólica, mas sedutora; é a maçã de Eva, a serpente tendenciosa. Isso nos bastidores, mas no palco ela tenta ser como o amor__ doce, agradável. Olhe só como podemos trocar sem problema algum a palavra “amor” por publicidade nas palavras de Gibran.






Quando o amor [PUBLICIDADE] vos acenar, siga-o [A]

Embora seus caminhos sejam árduos e íngremes,

E quando suas asas vos envolverem, entregai-vos,

Embora a espada oculta em sua plumagem possa ferir-vos.

E quando ele [ELA] vos falar, acreditai nele [A]

Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos

Como o vento do norte devasta o jardim.

Pois ainda que o amor [PUBLICIDADE] vos possa coroar,

Ela também vos pode crucificar.

Ainda que seja para vosso crescimento, também contribui para podar-vos...





Incrível como a publicidade se encaixa perfeitamente no lugar do amor. Ela diz: quando vos acenar siga-me --------ela acena através da televisão, outdoor, rádio, busdoor, painéis eletrônicos e todos os meios de comunicação. 






Entregai-vos/ quando eu vos falar acredite----------- entregar-se! É o que ela mais quer que os consumidores façam, e afinal de contas , a publicidade oferece o que há de melhor__ praticidade, prazer, felicidade, elegância, comodidade. Tudo oferecido com base em pesquisas previamente analisadas.




A publicidade diz tudo isso, mas é claro que ela não diz os “poréns”, os “mas”, os “contudo”. E com toda a sua sublimação, a publicidade omite que, quem a seguir e envolver-se em suas asas, estará entregando-se a caminhos árduos e íngremes, ou seja, um caminho de gastos e dívidas; e também que estará despedaçando seus sonhos, como por exemplo prejudicar sua saúde consumindo refrigerante, cigarros, enlatados, fast food; ou ainda estará se crucificando, pois o fato de não fazer parte desse ciclo vicioso de consumo leva muitas pessoas à depressão, pois ela marginaliza-se da sociedade zumbi que segue os passos dos anúncios e se não tomar cuidado pega um caminho que a leva a uma cesta de lixo ao invés de lindos e felizes lugares que são publicizados.




Podemos dizer que a publicidade é sim como o amor. Ela vai nos sonhos, e os conquista, fazendo com que os sonhadores fiquem perdidamente apaixonados por seus produtos e serviços. Daí vem o consumo exacerbado, cada vez mais frequente e dependente de repetições diárias__ coisa boa para os cartões de crédito. Penetrar nos sonhos dos consumidores é imprescindível para uma conquista sem erros, afinal, oferecer bebida ao monge seria insensatez. A publicidade busca sim compreender através das pesquisas os desejos, comportamentos, anseios dos consumidores, afinal, conhecer o terreno antes de pisar nele é sem dúvida bem mais seguro, principalmente em si tratando de grandes investimentos. E como dizia o próprio Gibran,



“Aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.”

*Maíra Bahia - Publicitária e autora do blog: http://www.maibahia.blogspot.com/


TEMPO DE ELEIÇÃO... TEMPO DE BIZARRICES
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 20/08/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina)
http://www.revistamakingof.com.br/17,25645-tempo-de-eleição...-tempo-de-bizarrices.htm e em 25/08/2010 no Observatório da Imprensa (São Paulo) http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=604FDS008
De tempos em tempos eu sumo e reapareço. Escrevo aqui, acolá... e vocês só me vêem com  freqüência no Tabuleiro. Até porque eu havia me prometido parar de falar em política e tal e coisa... desde a época em que deixei o Grupo de Pesquisa da Facom/ UFBa em Mídia e Eleições que tento, mas política parece uma praga...
E foi justamente postando uns vídeos enviados pelo CCSP – Clube de Criação de São Paulo no Tabuleiro que me veio a ideia de escrever aqui coisas bizarras. Tudo bem! Coisas bizarras a gente vê todos os dias no noticiário da TV: é o filho que vendeu a mãe, que matou o pai, a menina que se droga, o cara que vende a droga e o homem que mordeu o cachorro. Vez ou outra, umas histórias de mala, dinheiro, cueca.... bizarrices a gente também vê no horário eleitoral gratuito na TV. Será que a TV está ficando cada vez mais bizarra ou a política que não está sendo levada a sério nem pelos “políticos”?
Olha que nem parei ainda para ver o Programa Eleitoral. Mas, depois de assistir ao Tiririca falando que ele não sabe o que um deputado federal faz, mas que depois de eleito ele descobre e conta o que é. Ou um outro candidato que grava um VT direto do quarto de um motel, com direito à música ambiente... Fiquei curioso para saber o que mais temos por aí.
Isso tudo me fez lembrar a história do diabo, do inferno e das eleições. Lembram? O senador morre e vai para o inferno. Chegando lá, está a maior festa, prosseco, whisky... todo mundo dançando, sorrindo, com roupas caras.... depois, ele vai para o céu... e tudo na paz de Deus, todo mundo de branco, aquele ar puro, muito azul, muita luz.... então, ele decide que vai é voltar para o inferno, porque lá é mais alegre. Quando ele volta, o fogo esquenta, todo mundo sujo e maltrapilho, roupas rasgadas, muitos se rastejam... então, o senador vira pro diabo e diz: “mas ontem...” e o diabo responde: “já esqueceu como é, foi? Ontem nós estávamos em eleição. Hoje, já temos o seu voto.”
Então, amigo cidadão comum. Cuidado com a forma como certos políticos nos apresentam o inferno. Depois de eleitos a realidade é o que nos sorri. E aí, só depois de quatro anos para vermos novamente ministro se fazendo de amigo do presidente para se eleger governador, ainda que o partido do presidente tenha um candidato próprio ao governo. O prefeito tal não aparecer nas eleições para governo do Estado para não prejudicar o candidato de seu partido... ou até mesmo, a realização de inúmeras e repentinas obras nos meses que antecedem o velho outubro que parece não chegar nunca, para a novela voltar a passar no horário. Lá pelo menos, essas histórias me parecem mais divertidas.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia sem deixar de pegar uns Jobs sempre que surgem. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


VENDER E... VENDER. COMO AS REDES SOCIAIS MUDARAM O RUMO DA COMUNICAÇÃO
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 17/06/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina)
http://revistamakingof.com.br/17,23200-vender-e-...-vender.-como-as-redes-sociais-mudaram.htm
Já se foi o tempo em que a propaganda era a alma do negócio. Hoje, a alma do negócio vai muito além das ferramentas de marketing adotadas pelas empresas, do impacto causado por esta propaganda e por que não, do que os próprios consumidores desejam.
O consumidor dos dias atuais quer mais que ser escutado. Ele quer se sentir valorizado, perceber que a sua opinião é importante e participar. E muitas empresas já estão buscando isso, se não através do SAC, do call center ou pesquisas, através das redes sociais e dando um retorno aos seus clientes através dos veículos de comunicação de massa, de promoções e garantindo um retorno mais satisfatório seja através do aumento na participação do mercado, do lucro ou até mesmo, fidelização do cliente perante a forte e grande concorrência.
Essas redes sociais que estão revolucionando o mercado estão se tornando também um forte veículo de comunicação, pois permitem ainda uma resposta mais imediata através da interatividade proporcionada pelas novas tecnologias. A mesma tecnologia que permite também que as empresas surpreendam sempre seus clientes com novidades que nem eles esperam mais ou já nem duvidam que aconteçam.
Não só produtos cada vez menores, com mais definições e ferramentas. Não apenas as promoções para conquistar cada vez mais seguidores e, por conseqüência, ter acesso a um número maior de pessoas que gostam, apreciam ou querem ouvir falar da empresa, afinal, ninguém vai seguir quem não o interessa de alguma forma, para alguma coisa. Mas, até mesmo para realizar novos negócios. E muitas empresas já estão fechando novos negócios através das redes sociais e se fazendo divulgar por meio delas.
Por fim, todo dia é um novo dia e com ele, novas formas de comunicação surgem, conquistam, cativam e fidelizam. Mas, não é só isso. As novas formas de comunicação também devem encantar e surpreender. Perceber e serem percebidas. Vender e... vender.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


LIÇÃO DE MARKETING AOS GRANDES, PARA NÃO SEREM DEVORADOS PELOS PEQUENOS
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 07/05/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina)
http://revistamakingof.com.br/17,22161-lição-de-marketing-aos-grandes-para-não-serem-devorados.htm
Recentemente vi no Mundo do Marketing um artigo de Thiago Terra que trazia o resultado de um estudo da Kantar Worldpanel em parceria com a Abras – Associação Brasileira de Supermercados que afirmava que 74% dos compradores brasileiros não são fiéis ao ponto de venda e que os hipermercados têm o pior índice de retenção e fidelização de clientes. Claro! Afinal, esta categoria de lojas é incapaz de seguir os pressupostos básicos do marketing para atender aos seus clientes de forma satisfatória, característica essa adotada por pequenos comerciantes de proximidade, não por conhecimento de causa, mas com grande efeito no resultado final das vendas.
Mariazinha vai a estabelecimentos comerciais deste tipo pelo menos oito vezes no mês, assim como a média dos compradores desses estabelecimentos. E, por mais que ações como o super feirão de hortifruti tentem, acabam por atrair tantos clientes quanto a estratégia de se colocar a padaria no fundo do estabelecimento como forma de aumentar o ticket médio de compra de quem só foi comprar o pão nosso de cada dia: quase nenhum; pelo simples e único fato que faltam os pressupostos básicos do marketing, conforme falados no parágrafo anterior.
Talvez por uma questão de ampliação de números de produtos ofertados seja impossível oferecer ao cliente uma variedade de marcas de um mesmo produto. Sendo assim, o cliente tem que levar o que o supermercado tem a oferecer e não o que realmente deseja e/ou prefere. Já a quitanda de seu Agenor e a padaria de seu Manoel arrumam um espaçozinho aqui, outro acolá e opa! Mesmo produto de marcas diferentes para o cliente escolher!
Preço. Por mais que pareça um diferencial, ainda tem gente que prefere pagar mais para ter um atendimento melhor. E têm aqueles que bastam ir à venda do bairro já que os preços não são tão diferentes assim dos praticados pelas grandes redes. E ainda, há os pequenos que se unem para conseguir comprar mais, pagando mais barato e poder concorrer com os gigantes, a exemplo dos interligados à Rede Smart.
Promoção é um dilema. Às vezes, o próprio fabricante quer praticar venda casada, ou oferecer uma quantidade a mais grátis para o consumidor e a atenção é tão grande, que por mais que esteja ali na embalagem “mais por menos” ou “leve grátis” o supermercado adota preços diferenciados dos produtos sem a quantidade grátis e, no caso da venda casada, não pratica a estratégia de desconto para que a venda casada realmente se realize. Enquanto que o pequeno comerciante, adota ao pé da letra a proposta do fabricante de cada produto, até por entender que ele perde alguns centavos agora e ganha muitos outros lá na frente quando o cliente passar a adquirir ambos os produtos de forma separada por ter experimentado daquela vez e ter gostado.
Merchandising está em alta e, por mais que se pratiquem muitas vezes o conceito equivocado para o que realmente é merchan o ponto de venda acaba esquecido. São poucas as ações de degustação e menor ainda, a estratégia de colocar produtos de consumo comum próximos, para que o cliente sempre se lembre de levar o acompanhamento. Então, nem sempre vemos o vinho próximo ao peixe e algumas vezes vemos o molho bem distante das massas. O que não acontece na birosca da rua ao lado. Lá é tão pequeno que tudo está em nosso campo de visão.
Aí vêm as mídias sociais como orkut, facebook e twiter. Das grandes redes aos pequenos comerciantes. Dos grandes empresários ao vendedor informal. Todos podem e devem fazer uso como forma de propagar suas idéias, promoções e ações. O pequeno com mais facilidade por ter o poder de decisão e de informação em suas mãos, sem fazer uso das burocracias das grandes empresas na definição de pequenas ações. Por poder levantar bandeiras por causas que são de seu convívio e do convívio de seus clientes. De se fazer mais próximo e de conquistar o que há muito os grandes perderam de vista: a verdadeira essência da relação de confiança capaz de gerar fidelização, aos bons olhos de seu Manoel: amizade.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


QUANDO UM PEQUENO SALTO PARA O HOMEM É UM GRANDE SALTO PARA A HUMANIDADE, OU NÃO.
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 07/05/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina)
http://revistamakingof.com.br/17,21616-quando-um-pequeno-passo-para-o-homem-é-um-grande-salto.htm
Começar um artigo já com uma citação não é dos pressupostos mais admiráveis pelos jornalistas de plantão, mas, os publicitários e profissionais de marketing leitores deste artigo estão loucos para saber por que eu quero começar a escrever com a célebre frase de Neil Armstrong: “Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade.”
Na terça-feira, 4 de maio, o governador da Bahia, Jacques Wagner, sua Assessoria Geral de Comunicação Social (Agecom), o Desenbahia (Agência de Fomento do Estado da Bahia) e a ABMP (Associação Baiana do Mercado Publicitário) assinaram um Protocolo de Intenções e Convênio de Cooperação Técnica que, pela primeira vez na história de nosso País, oferecerá um financiamento especial a micro, pequenos e médios empresários para investir em anúncios de suas empresas: o CrediFácil Anunciante.
Entendeu agora? O pequeno passo de assinar tal convênio vai possibilitar um crescimento do mercado econômico baiano como uma bola de neve. Afinal, o empresário pega um financiamento a juros reduzidos, com carência para começar a pagar e boa opção de parcelamento. Agências de propaganda, fornecedores e veículos oferecerão preços diferenciados para esses anunciantes. Estando na mídia, eles vão vender mais, vão precisar contratar mais pessoas para trabalhar em suas empresas e vão continuar anunciando. Ponto para o Governo do Estado da Bahia e para a propaganda baiana? Não! Ponto para todos os baianos, afinal, com tantas empresas produzindo, mais pessoas trabalhando e comprando mais, o governo arrecada mais impostos e pode fazer mais pelas pessoas de nossa terra.
Sem querer jogar areia na felicidade do mercado publicitário baiano, acabei de lembrar um discurso do publicitário baiano Maurício Carvalho, da Propeg, quando o CCBA (Clube de Criação da Bahia) foi lançado e ele, eleito presidente da nova entidade e, sem ao menos pedir licença, gostaria de reproduzir aqui trechos da “carta aberta ao mercado.”
“(...) Não me refiro a quantas anda o mercado sob o ponto de vista da economia, mas exclusivamente à qualidade criativa da Propaganda.”
E, mais adiante:
“(...) Nós, criativos da Bahia, já fomos ícones da criatividade brasileira e agora somos meros sobreviventes da publicidade; essa é a mais pura verdade. Contentamo-nos em estar respirando e apenas. Estamos estandardizados. Viramos commodities.”
E ainda:
“(...)Porque reencontrar o caminho da criatividade é importante não apenas para os profissionais de criação, mas também para todo o mercado publicitário. Sem criatividade, chegará o dia em que não conseguiremos vender mais nada. E, por motivos óbvios, nem os nossos serviços para os anunciantes.”
Bom, do ponto de vista da economia baiana para a nossa atividade, acredito que a partir de agora as coisas só têm a melhorar. Infelizmente, o novo CCBA e a sua bandeira de mais criatividade na propaganda baiana se perderam no meio do caminho. Pena que muitos de nós continuemos “se tendo certeza” numa época em que até “nos acharmos” já é demais. Ao terceiro parágrafo do Maurício, citado aqui, fica mais que a proposta de meditação. Fica a proposta de ação e reação para que possamos tirar grande proveito dessa nova situação do mercado publicitário baiano e fazer renascer nossos tempos de glória.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


NOS FUNDOS DA PUBLICIDADE SÓ NÃO METE A MÃO... (ARTIGO IMPRÓPRIO PARA MENORES)
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 28/04/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina)
http://revistamakingof.com.br/17,21220-nos-fundos-da-publicidade-s%C3%B3-n%C3%A3o-mete-a-m%C3%A3o...-artigo.htm
Tudo ao mesmo tempo agora, nesse mesmo instante e a toda hora. A cidade não pára quando o assunto é comunicação. Tudo é notícia, tudo vira anúncio, tudo é marketing... tudo.
Publicitários têm aos montes. Podemos encontrá-los até nas feiras livres. Os mais criativos se dão bem, como aqueles da agência, como aquele cara que vende bala no buzu e diz ser um publicitário nato só porque é criativo. E muitos são mesmo!
Também tem gente que confunde publicitário com prostituta. Nesses casos, o cliente chega e diz: “eu quero que meu anúncio seja assim” e o “criativo” só executa e quando não dá certo o cliente ainda conta pra todo mundo que pegou a publicidade e p@54uw8%. Outros tantos confundem, ou melhor, confodem, assim mesmo ao pé da letra (c-o-n-f-o-d-e-m) os publicitários com mágicos e querem tudo “para ontem” como se fosse tão simples lidar com o mercado quanto tirar coelho da cartola e aí meu amigo leitor, somos confundidos mais uma vez, só que agora com políticos. Só que nesse caso, somos obrigados a trabalhar até tarde. Mas tudo sempre acaba em pizza.
Sim! Eu sou publicitário. Mas já não vivo de vinhos, carro importado e lagosta à mesa. Agora, quando dá, como pizza com coca-cola e ando num carro com motorista, mas que tem um cobrador também. Calma! Não sou revoltado afinal, faço o que gosto e faço com gosto. Pois, é no buzu lotado que ouço conversas e situações que me inspiram a fazer bons anúncios. Afinal, não é para esse povo da grande massa que eu produzo? O problema é que quando a ideia é muito boa, ainda fico com fama de drogado.
O pior é quando encontro administradores, matemáticos, arquitetos, engenheiros, jornalistas e até pessoas sem formação de nada, em agências, dizendo “sou publicitário!” Ao mesmo tempo em que vejo aos arredores da agência, muita gente boa, formada na área e fora dela, por falta de uma oportunidade. E o que é pior: ainda ouço donos de agências falar que a criatividade da propaganda brasileira vem justamente por ser ela desenvolvida por profissionais das mais diferentes áreas do conhecimento.
Não! E na hora da culpa? Car%¨#!!!! Os publicitários manipulam. Quando aumenta o número de assaltos é porque os publicitários despertam o desejo de consumo em quem não pode consumir. Os caras fazem propaganda pra ganhar prêmio e não para vender produto. Mas, e se seu salário for baseado na quantidade de prêmios que você tem? Pior. Quando publicitários são assassinos porque fazem propaganda de cigarros e cigarro mata; são irresponsáveis porque anunciam bebidas e bebida causa dependência química; manipuladores porque mostram na TV os novos brinquedos lançados por seu cliente... mas, aí vêm os políticos, apresentam projetos de leis, tudo fica proibido e os publicitários... coitados desses filhos da mãe!
Por falar em mãe, acho que agora fica explicado porque antigamente muita pouca gente sabia o que um publicitário faz. As caras feias reduziram, mas o velho “Há!” quando você diz que é publicitário – risos – isso ainda é uma incógnita que só vamos descobrir o que é, no dia em que ganharmos a fama de videntes.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


E QUANDO VOCÊ PERCEBE QUE A SUA PROPAGANDA NÃO É ASSIM NENHUMA BRASTEMP? O QUE OS SLOGANS TÊM A NOS ENSINAR?
Por Flamarion de Cerqueira Reis
Publicado em 20/04/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina)
http://revistamakingof.com.br/17,20978-e-quando-você-percebe-que-sua-propaganda-não-é-assim.htm
Esta semana fui a uma palestra com o terapeuta transpessoal e iridólogo Jordan Van Der Zeijden Campos, autor do livro “Entrevista com o Pânico – uma viagem aos bastidores dos transtornos ansiosos.” Pouco ou nada sei sobre o que um terapeuta transpessoal e iridólogo faz, mas, foi justamente ele quem me inspirou a escrever este artigo quando perguntou quem da platéia tinha 30 anos e, mesmo sem querer, me fez lembrar o slogan dos colchões Ortobom: “1/3 de sua vida você passa sobre ele”. O que isso quer dizer? “Simples Assim”. Eu dormi 10 dos meus 30 anos.
Tudo bem que “existem coisas que o dinheiro não compra e para todas as outras existe Mastercard.” Talvez por isso eu não vá começar a descrever aqui as consequências da informação do parágrafo anterior sobre a minha cabeça. Mas, que a gente passa muito tempo dormindo, disso não tenho mais dúvidas.
Após decidir sobre o tema deste artigo, corri até o bom e velho Google em busca de ajuda, já que, a memória falhava: eu precisava de alguns slogans atuais. Mas, a minha exigência pedia slogans criativos. E então eu descobri que não era só a memória e o Google que não me ajudavam. Era também a minha auto-exigência ou a falta de criatividade dos últimos anúncios que eu vi. Mas encontrei um consolo, uma afirmação de Clarice Lispector que traduz a verdadeira essência do slogan: “Em cada frase, um clímax.”
Ufa! Não usei Vick, mas “respirei aliviado” e agora eu tenho duas “legítimas” certezas: a propaganda brasileira não está produzindo ultimamente, nada muito criativo e que faça o consumidor lembrar no dia seguinte e a outra certeza, é de que não seria nesse momento que eu ia precisar recorrer a um terapeuta.... com todas aquelas especializações.... do primeiro parágrafo, ou coisa parecida.
Não que falte bons anúncios na televisão e nem boas ideias. Talvez o que falta é um conceito capaz de despertar a atenção do consumidor cada vez mais exigente. É fazer a propaganda ser comentada em rodas de amigos, cair no gosto popular em um mercado cada vez mais competitivo. É mostrar que “existe mil maneiras de preparar...” slogans... mas, que uma propaganda não serve para “1001 utilidades.” Cada uma delas tem sua serventia, seu objetivo. Cada uma delas vive “um lado Coca-Cola da vida.” E mais uma vez termino um artigo mostrando que propaganda tem que ser criada por agência. Porque toda agência é formada por pessoas que entendem de propaganda e sabem o que estão fazendo, para quem estão fazendo e como vão fazer as pessoas que a assistirem comprar a ideia.
Agora, se ainda assim, você quiser dar pitaco na criação, nem que seja do slogan, sugiro que veja a propaganda como “a alma do negócio” e, caso insista, cuidado com o pânico pós falta de resultados. Por via das dúvidas, melhor guardar o nome do livro “Entrevista com o Pânico” de Jordan Van Der Zeijden Campos. E, se por alguma acaso, você ler este livro, fico ainda mais feliz, afinal, fui além. Além de falar de boa propaganda, fiz a propaganda do que me parece ser um bom livro.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


QUEM MATOU A CRIAÇÃO?
Por Flamarion de Cerqueira Reis
Publicado em 15/4/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina) (http://revistamakingof.com.br/17,20812-quem-matou-a-criação.htm)
Era um dia chuvoso aqui no "País das Maravilhas." Daqueles que a vontade é de não sair de debaixo da coberta. Aprecei-me, corri até a agência e ninguém havia chegado. Ali mesmo na recepção algo chamou minha atenção: jornais ao chão pareciam esconder alguma coisa. Não! Não era um embrulho. Parecia mais.... uma criação.
Buscando ajuda entrei logo no atendimento. Eles sempre trazem alterações sem graça que os clientes fazem questão de colocar nos anúncios, outras tantas vezes, trazem informações em excesso... tantas sem relevância. Mas não! Eles entendem de nossa atividade. Sabem vender ao cliente uma idéia criativa expressando o quanto ela contribui para o sucesso de cada anúncio.
Os mídia não seriam capazes. Tudo bem que eles são bem racionais, mas de um tempo para cá vêm desenvolvendo uma veia criativa e transformando a mídia tradicional através de um trabalho conjunto com a própria criação.
A produção! Corri até lá, mas não seria possível. Eles são tão criativos também! Desenvolvem efeitos tais quais os criamos, vão além do imaginário... fazem de tudo para que saia tudo conforme o planejado.... conforme criado. Às vezes querem mudar uma coisinha aqui, outra ali... mas não. Não foram eles.
O Planejamento não foi. Eles são criativos também, coitados! Vítimas da falta de verba tanto quanto a criação, que Deus a tenha.
O cliente! Muitas vezes ele tenta reduzir os custos em anúncios que só informam e que não são nada criativos. Muitos deles, sem nem contratar agências para reduzir ainda mais os custos. Não! Eles também são vitimas! Pobres coitados do acaso. Muitas vezes comprovam da pior forma que não é possível fazer propaganda que funcione sem agência e aí descobrem o quanto o barato sai caro. Muito caro.
A sala seguinte era bem a de criação. Meu Deus! Não seria possível um ato de suicídio. Ela que sempre foi tão elogiada, por tantas vezes conquistou prêmios para a empresa... Decidi por fim, descobrir o corpo e acender uma vela.
A chuva caia forte lá fora. A água escorria pela janela. Hã? Deixaram bem no meio da recepção da agência, caída ali sem escrúpulos, cobertas com um jornal velho e desbotado do tempo em que tudo ainda era diferente por aquele meio. Respirei fundo por não ser a criação como imaginei no princípio, mas lamentei muito, ainda assim. Lá estava ela. Sentei ao seu lado e chorei desesperadamente a morte da liberdade de expressão. Corri até o computador, tentei alterar o título deste artigo, sem sucesso... a criação havia sido fortemente abalada pela impostora: a censura.
Mas, quem? Quem seria capaz de tal crueldade? Lei que dita que qualquer publicidade de automóveis, peças e insumos de carros... deverá ser acompanhada de alerta para um comportamento seguro no trânsito; Lei que proíbe toda e qualquer publicidade de cigarros em veículos de comunicação de massa e patrocínios de eventos culturais e esportivos e restringe a de bebidas alcoólicas à faixa horária das 21 às 06 horas; Projeto de Lei que restringe a propaganda de alimentos tidos como "não saudáveis" e bebidas "com baixo teor nutricional" semelhante ao que aconteceu com a de bebidas alcoólicas; Lei que restringe a publicidade voltada para o público infantil... Tantas outras cretinices de políticos que descumprem seu verdadeiro papel de lutar pelos interesses da população como a educação, por exemplo, que ensina a discernir entre o certo e o errado, o que é excesso e o mal que ele faz.... a formar opinião... querendo impor regras e limites a uma atividade democrática, livre, auto regulamentada e que contribui com a liberdade de expressão e de imprensa.
Saio e procuro por pessoas que me ajudem a oferecer um enterro digno não só à liberdade de imprensa, mas a todos os veículos que não vão permitir que esses mesmos políticos os usem para manipular o povo e esconder suas falcatruas. Decido sair do "País das Maravilhas," e ir para o Brasil. Talvez lá as coisas sejam diferentes.
ATENÇÃO! O "País das Maravilhas" é um local imaginário fruto da criação do autor e está presente em diversos artigos de Flamarion Reis. Como sempre, qualquer semelhança ou carapuça que sirva ao Brasil é mera ironia do destino. Ou não.


Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing.


O JUIZ QUE DEIXOU OS CONCORRENTES PARA ESCANTEIO
Por Flamarion de Cerqueira Reis
Publicado em 13/4/2010 no Observatório da Imprensa (SP) (http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=585FDS019
Mal começaram os preparativos para a realização da Copa aqui no Brasil em 2014, Olimpíadas de 2016 e das Confederações em 2013 e as empresas já começaram a deparar com empecilhos originados pelos próprios representantes do povo. Na verdade, desta vez não se trata de um empecilho ao pé da letra, mas de uma situação que, certamente, só está começando a dar o que falar.
Está tramitando no Congresso Nacional um projeto de lei que proíbe o uso dos nomes dos campeonatos, bem como de derivados dessas terminologias, por empresas que não sejam patrocinadoras oficiais desses eventos por até 30 dias após o término dos mesmos. Mas será isso possível segundo a liberdade de expressão comercial tão discutida durante o 7º Ebap? Será que o mais coerente não seria determinar onde e de que forma os tais patrocinadores oficiais apareceriam e onde as demais empresas poderiam aparecer?
Se em 1996, nas Olimpíadas de Atlanta, os patrocinadores oficiais deram espaço para que seus concorrentes anunciassem em toda mídia exterior em torno do principal estádio da cidade, a culpa é dos patrocinadores oficiais? Da concorrência? Ou é em prol da livre concorrência e, por conseqüência, do consumidor? Penso que seria como o carnaval da Bahia, por exemplo, patrocinado por uma cervejaria, sem que os blocos pudessem ser patrocinados por outras marcas de cerveja ainda que a tal patrocinadora oficial não tivesse interesse em patrociná-los.
Seria como coibir os veículos de comunicação que viessem transmitir para seus países os jogos de falar de nossas tão lindas cidades com receio de que falem dos problemas que cada uma delas enfrenta. E se os tais patrocinadores oficiais fossem justamente as empresas concorrentes e os papéis se invertessem? O que pensariam os atuais patrocinadores oficiais desta exigência da Fifa, apoiada pelo governo federal?
Se não começarmos a discutir abertamente os fatos, certamente o que tem tudo para ser um bom jogo, ser uma ótima oportunidade para aquecer o mercado e fazer pulsar o coração dos brasileiros, não passará de mero cartão vermelho para o próprio juiz da partida que quer deixar de escanteio a livre concorrência.


PÁSCOA, CHOCOLATE E MARKETING, PRA NÃO FALAR DO COELHO
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 06/04/2010 no Observatório da Imprensa.
A Páscoa é o tempo mais santo da igreja, porque se comemora a ressurreição de Cristo. Mas, também é o tempo mais promissor para o mercado de chocolates. Tudo por causa do bom e velho coelhinho, que entre as figuras infanto/comerciais só perde para o velho Noel.
A lenda diz que uma mulher pobre cozinhou e pintou alguns ovos de galinha e os enterrou no quintal para que seus filhos os achassem na Páscoa. Quando as crianças os procuravam, surgiu repentinamente um coelho que fugiu. As crianças acharam que o coelho havia escondido os ovos. Mas, na verdade, o coelho da Páscoa simboliza a preservação da espécie, início de uma nova vida e de melhores condições. Já os ovos, nos dias atuais, representam grande fonte de renda em um mercado recheado com chocolates, brinquedos... em diferentes tamanhos e formatos. De fita vermelha ou qualquer outra cor. Representa um pulo comercial; um verdadeiro salto em vendas para as fábricas de chocolate. Ainda que muitos aguardem a venda dos ovos quebrados, que acontece logo após a Páscoa para poder pagar mais barato pelo chocolate.
O coelho também representa a Igreja. Justamente por representar através de sua fertilidade uma grande quantidade de pessoas. Público a quem a Igreja quer propagar os ensinamentos de Deus, sem distinção. Muitas vezes até, com discriminação ou querendo impor sua “marca” como a melhor perante todas as demais. Esquecendo outras vezes, que os ensinamentos de Deus são únicos e que não admitem pedofilia, lavagem cerebral e muito menos o desvio do dinheiro de fiéis para outros fins que não o social e manutenção da Casa do Senhor.
Há quem fale ainda em Marketing Religioso. Um marketing orientado para arrecadar fundos para a manutenção de paróquias, dioceses e trabalhos sociais através da utilização de símbolos, seja a cruz como logo, o sino como ferramenta de comunicação auditiva e do próprio ponto comercial, quer dizer, do próprio local da Igreja enquanto casa do Senhor, lugar de disseminação de idéias e extinção de pecados e mais, com o uso da força das palavras e poder da retórica, este último já encontrado, se não em espaços comprados nos meios de comunicação, em veículos de comunicação próprios dessas igrejas.
Meu espaço já está acabando e eu nem cheguei ainda a falar da Bíblia... hei! Não me refiro à bíblia do Kottler que nos ensina estratégias para vender o ovo de chocolate e sim, à Bíblia Sagrada que nos ensina... o que mesmo? É tempo de Páscoa e, infelizmente, muitos só lembram nesta época do ovo de chocolate; às vezes nem do coelho e quando se lembram dele, é porque acham que ele botou o pobre do ovo.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=584FDS008


PROPAGANDA QUE FAZ ACONTECER É A QUE SE FAZ JUNTO E MISTURADO
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 06/04/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina)
Namoro, casamento, sexo, filhos... a gente só faz junto. Trabalhos em grupo também, mas com resultado muito mais favorável quando feito em equipe, ou seja, ainda mais junto. Quase colados. De forma construtiva, um apoiando o outro em busca de um mesmo ideal. É compreender a diferença entre “estar junto” e “chegar junto”.
Assim acontece com as palavras. São formadas por letras juntas que nos dizem algo. J-u-n-t-o-s. É mais que um bom conceito a ser usado em propaganda. É um conceito de vida. É um conceito que chama a atenção para empresas que buscam juntar seus funcionários, fornecedores, acionistas em prol do cliente. E que buscam juntar seus clientes à sociedade de forma geral em prol de uma questão social, de um desafio.
Propaganda de resultado é a que se faz junto. Através da coleta de um bom briefing junto ao cliente; de um bom planejamento de campanha; de uma criação capaz de atrair a atenção de cada consumidor e de uma mídia que chegue junto a quem interessa para a empresa anunciante e faça acontecer.
Outra coisa é fazer misturado. Unir diferentes mídias com anúncios adequados a cada um delas. Vale ressaltar que adequado é diferente de adaptado. Sendo assim, o meio tem que atingir o público a quem a campanha se destina; é estar no veículo certo, na hora certa.
A Talent desenvolveu para os bancos Santander e Real o conceito “juntos” e vem, acertadamente, conduzindo um trabalho que vai além de divulgar a união dos dois bancos: eles conseguiram fazer junto e misturado, unindo quatro locutores, de emissoras diferentes, no ar ao mesmo tempo.... juntos... apresentando um programa de rádio. Conseguiram juntar locutores de rádios concorrentes em prol da comunicação.
Fazer junto é compreender que opiniões contrárias são fonte de ações criativas e benéficas ao fortalecimento e comprometimento. É saber que cada um está ali, junto, para acrescentar, contribuir, de forma interativa, por uma realização. Cada qual com seu papel, com seu valor, com sua função complementar à função do outro em busca de uma conquista comum: a superação. Em outras palavras, não vale apenas fazer propaganda, tem que fazer com quem entende. Não basta fazer junto, tem que misturar e fazer acontecer!


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


http://revistamakingof.com.br/17,20379-propaganda-que-faz-acontecer-%C3%A9-a-que-se-faz-junto.htm


QUANDO NÃO SE QUER OLHAR PARA UM LADO, SE OLHA PRO OUTRO E CULPA ALGUÉM. (CUIDADO! TEXTO MANIPULADO PELO PHOTOSHOP)
Flamarion de Cerqueira Reis*
Publicado em 26/03/2010 na Revista Making Of (Santa Catarina).
Calma! Escrevo essas linhas direto de um lugar chamado: "Cidade das Maravilhas", a mesma cidade de quando comecei a escrever, há mais de 5 anos. Não, não é de Brasília, mas todo mundo sempre confunde. Aqui, o buraco é mais embaixo. Aqui a cobra fuma diferente de lá, onde o cigarro pode ser fabricado e vendido, mas é proibido fumar em quase todos os lugares, porque o cigarro é prejudicial à saúde. Qualquer semelhança com a capital brasileira neste contexto é mais que mera semelhança, é olhar para o lado errado.
Aqui, qualquer manipulação de imagem pelo photoshop tem que ser divulgado. Esse texto foi escrito no velho conhecido Word, mas como vão ver o Brasil em todas as minhas linhas e, justamente lá, ele será publicado, vão logo dizer: "Cuidado! Texto manipulado pelo photoshop". Com tantas restrições à propaganda, a exemplo das de bebidas, alimentação e infantil, aqui, no início de cada programação, aparece o dizer: "Atenção: a programação a seguir foi manipulada por governantes preocupados em que a liberdade de imprensa atendesse aos seus próprios interesses".
No Brasil, soube que alguns estão sugerindo que a população manipulada por botox, silicone ou afins tragam placas penduradas em seu pescoço informando não tratar-se de uma pessoa original. Aí, lembro mais uma vez daqui, quando os políticos fazem bastante uso do photoshop em período eleitoral para que seus traços da experiência em esconder dólares na cueca, em malas, na meia... não prejudique em nada sua nova oportunidade de olhar para o outro lado da moeda ou quem sabe, olhar para os dois lados e guardá-la no bolso.
Isso tudo é para esconder a falta de educação de um povo que não conta com seus governantes na hora de ter uma escola de verdade, que ensine a formar opinião sobre o que é certo e o que é errado. Sobre o quanto discernir à cerca dos malefícios do cigarro, da bebida alcoólica abusiva, do quanto comer sem se tornar obeso e, principalmente, sobre os políticos que fazem e os que só fazem falar. E preferem tentar destruir um mercado que mantém a liberdade de imprensa e que mostra suas auto-benfeitorias ao invés de olhar esfomeados, pedintes, saúde... tudo para que ninguém veja que muitas leis também são manipuladas pelo photoshop eleitoreiro a fim de encobrir interesses de representantes desse mesmo povo que existe em qualquer lugar, até aqui, na "Cidade das Maravilhas".
Só para que eu não seja punido depois por ter demonstrado meu descontentamento nesse artigo com a forma como tudo vem acontecendo, qualquer semelhança com o Brasil ou carapuça que venha a servir aos seus políticos é mera coincidência ou manipulação do photoshop.


*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com


http://revistamakingof.com.br/17,20033-quando-n%C3%A3o-se-quer-olhar-para-um-lado-se-olha-pro.htm


EM DEFESA DA BOA PROPAGANDA
Flamarion de Cerqueira Reis
Publicado em 17/03/2010 na Revista Making Of - Comunicação, Propaganda e Marketing (Santa Catarina).
Após algum tempo sem me envolver diretamente com a área de comunicação acabei por refletir muito sobre sua importância, seu valor e, sobretudo, a valorização que recebe da sociedade. Opa... valor... valorização. Palavras de um mesmo princípio, mas que nesse contexto tem fins diferentes: valor na condição de importância que tem. Valorização, importância que recebe. E isso me fez querer voltar. Não que eu esteja desvalorizando o mercado de venda direta ou que eu tenha caído em tentação ao convite de voltar a ser sócio de minha ex-agência. Não estou deixando o primeiro que me permitiu ter a visão de anunciante e nem voltando para o segundo, o que também não me impossibilita de fazer o que gosto e acredito.
Feliz coincidência foi perceber que exatamente no momento de minha reflexão sobra a importância da boa propaganda para a comunicação, economia, sociedade, para o desenvolvimento do país, a Aba – Associação Brasileira de Anunciantes e a Abap – Associação Brasileira de Agências de Publicidade entraram numa feliz defesa da propaganda e de seus valores voltada para a sociedade como um todo através da campanha criada pela AlmapBBDO: “Propaganda faz diferença”. Veja mais em meu blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com.
Não quero e nem vou entrar no mérito aqui das infelizes propostas de restrição ao meio publicitário e às propagandas que existem no Congresso para aprovação. Até porque, não me recordo bem, mas acho que já escrevi antes um artigo, com este mesmo nome, falando desta absurda situação.
O que eu quero, além de propagar a iniciativa da Aba e da Abap, é conscientizar os veículos de comunicação para que divulguem e contribuam com a campanha veiculando os anúncios e reafirmar o compromisso popular da propaganda para com a sociedade de informar, entreter, divulgar... aquecer o comércio, ferver a concorrência, baixar preços, aumentar qualidade e, contribuir para a liberdade de imprensa e de comunicação de nosso País.


http://revistamakingof.com.br/17,19677-em-defesa-da-boa-propaganda.htm


CLIENTE OLHO-POR-OLHO, MERCADO DENTE-POR-DENTE
Flamarion de Cerqueira Reis
Publicado na Revista Making Of, Março/2010 e nos sites: Conexão América (conexaoamerica.com) em 14/03/2010; Direto da Redação de Leila Cordeiro e Eliakin Araújo (diretodaredacao.com) em 15/03/2010 e Observatório da Imprensa em 17/03/2010.
Há bem pouco tempo, nossos meios de comunicação se resumiam a umas duas ou três emissoras de TV aberta e mais uns dois ou três jornais impressos e a nossa estação de rádio favorita. Os que ouvem FM achando que as AM não tinham audiência e vice versa. Aí veio a internet, a interatividade, os blogs e hoje, cada um pode ser dono de seu próprio veículo de comunicação. O blog de fulano. O mundo de beltrano. Então, a gente diz que comunicação é também relacionamento, é estar próximo e a internet nos apresenta ao Orkut, Facebook, Twitter. As emissoras de tevês se multiplicaram. São abertas, fechadas, interativas, digitais, analógicas, tem pra todo gosto. Tem de todo tipo.
Certamente tem gente querendo saber onde se pretende chegar com tudo isso e eu repondo: na mais das tradicionais formas de comunicação dos tempos. O tête-à-tête. Cara-a-cara. Na personalização da comunicação. No anti-controle remoto e a favor de uma comunicação plena, sem ruídos, sem intervenção, em prol do livre comércio. Então, aconteceu à segmentação, a customização da comunicação mercadológica, e, com ela, o no-break, o informecial e uma constante luta pela atenção da audiência e não apenas por sua audiência propriamente dita.
As nomenclaturas também se multiplicaram e o que antes era marketing agora é: de guerrilha, viral, institucional, político, esportivo... e os consumidores continuam os mesmos de sempre: em busca do melhor, do mais barato e do que os surpreenda mais. Seja através do humor, da interatividade, da sua própria participação no processo de comunicação: o consumidor manda. O mercado obedece.
Está no mercado quem aparece para o público que interessa. Interessa ao público quem tem algo para oferecer a ele: promoção, desconto, ou o simples ato do divertimento, da informação, uma novidade, um diferencial ou simplesmente tudo isso, apresentado de forma diferente, atrativa, emotiva ou racional, mas sempre, personalizada, olho no olho; para ganhar o mercado dente por dente.


http://www.revistamakingof.com.br/17,19550-cliente-olho-por-olho-mercado-dente-por-dente.htm
http://www.conexaoamerica.com/?0,5,D61WKF8RBV8FGP17SVT3G61QQX6Q9A8MTBJAF8NFMK8J6TPWDQ
http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=581FDS006
http://www.diretodaredacao.com/site/noticias/index.php?not=5012


QUANDO UM ÁS DE COPAS NÃO SIGNIFICA SER REIS DE OURO
Flamarion de Cerqueira Reis
Publicado na Revista Pró News, 76 Março/2006
O 2006 chegou trazendo a esperança. Nem tanto acerca das questões políticas que já começam a movimentar-se em torno do ano eleitoral que se inicia, mas também por ser um ano de Copa do Mundo. Nas questões políticas veremos em 2006 todos aqueles que julgaram a propaganda e o nosso mercado como cúmplices ou talvez como protagonistas, ou ainda como figurantes de uma corrupção que, a bem da verdade, existe em nosso país desde muito.
Mas 2006 também chega para revigorar os ânimos e até mesmo o interesse quanto às questões políticas de grande parte dos brasileiros. E, em decorrência disso, o Natal de 2005 já começou a ser rechea-do com promoções acerca da Copa. Os veículos de mídia tratam de negociar suas coberturas milionárias de jogos, espaços publicitários e patro-cínios de programas que tratam de futebol. Empresas de diversos segmentos lançam campanhas publicitárias, de certo, pouco criativas ao ponto de fugirem do ideal que é impressionar algum consumidor. E digo isso porque eu, assim como tantos outros consumidores, não suporto mais aquelas campanhas que “nos levarão à Copa”. Todo mundo oferece em suas ações pro-mocionais passagens aéreas e hospedagens para os jogos, principalmente da seleção brasileira na Copa deste ano.
O fato é que tantas outras ações poderiam ser criadas e executadas com êxito para o anunciante. Atuando ainda mais com a questão do sonho de quem quer assistir a um jogo do Brasil, sobretudo à possível final. Caro leitor, você já parou para contar quantas marcas prometem te levar para a Copa? Propaganda tem que ser emotiva, seduzir pela palavra e completá-la com boas imagens. Não seria por causa de tantas ações promocionais iguais que as vendas já não expandem mais como antigamente e que a propaganda vem a cada dia dividindo sua verba com outras ferramentas da comunicação?
Bem fazem as empresas que investem na qualificação de nossos times olímpicos e de nossos atletas, patrocinando-os. Já é um começo tanto no que diz respeito a incentivo, quanto à diferen-ciação mercadológica. E saindo um pouco da questão da Copa, mas ingressando ainda mais na questão do Marketing Esportivo propriamente dito, será que esses investidores somente enxergam o futebol como esporte no Brasil? E digo isso baseado na dificuldade que vejo, até mesmo para aparecer na mídia, de outros esportes e esportistas que são muito almejados em nossa terra. Afinal, depois que a febre Guga passou, a quantas anda o tênis na mídia? O fisiculturismo? O boxe? O judô?
Cátia Valéria, campeã de fisiculturismo, acumulou ao longo de sua carreira inúmeros títulos nacionais e interna-cionais. E quem mais, além de seus amigos e familiares, a patrocinou na vida? Quantas vezes a mídia ofereceu espaço a Cátia? Volto à primeira frase deste artigo: Dois mil e seis chegou trazendo esperança. Esperança para que a mídia e as marcas abram seus olhos rumo aos títulos que poderemos trazer para nosso país incentivando tanta gente boa que temos. Esperança de vermos a criatividade publicitária voltar ao seu auge e acabar com tanta mesmice. Torcer pelo Brasil e sua sexta estrela, mas sem esquecer que muita gente só precisa de oportunidade para brilhar mais.
A depender do jogo, o ás de copas não quer dizer absolutamente nada, apesar de a Copa estar na moda. Rei é mesmo quem entende que onde menos se espera pode haver uma mina de ouro e faz acontecer merecendo encontrá-la.


http://www.revistapronews.com.br/edicoes/76/m06.html


SORRIA: SUA PROPAGANDA É UMA PIADA!
De filósofos a publicitários, da Antiguidade aos nossos dias, o humor tem rendido debates e boas risadas. Por que ele é tão presente na publicidade brasileira e quando seu uso vira piada de mau gosto?
Anderson Lima
Publicado pela Revista Pró News, 79, Maio/2006
No supermercado, garoto que adora fazer e refazer suas tarefas escolares entra em crise porque a mãe afirma que não comprará brócolis para ele, que ainda precisa se preocupar com sua profilaxia dentária. Longe dali, em partida envolvendo as seleções brasileira e argentina, trave maliciosa faz a alviceleste de boba talvez, obra de alguma mandinga conjurada por membros de conhecida sociedade de bebedores oficiais. E beber demais só que mutcho guaraná é o que deve ter feito El Pibe d'Oro Maradona virar a casaca para a equipe canarinha. Ao menos em sonho ou, no caso dele, pesadelo.
À primeira vista, os comerciais citados não possuem muito em comum. Mas é só prestar atenção para perceber que eles são exemplos e esses não faltam do emprego de característica que permeia boa parte da publicidade nacional, e que está presente no jeito de ser do brasileiro. O humor. Para ser mais preciso, bom-humor, recurso hábil em abrir sorrisos e deixar anunciantes mais próximos dos consumidores e suas carteiras. “Propaganda bem-humorada fica na cabeça, se torna assunto de happy hour e vira referência até para quem não é publicitário. Uma pitada de humor deixa a peça mais gostosa e pode multiplicar por mil o recall do produto”, revela o redator da Plano B) Comunicação (PE), Ricardo Lins.
Ricardo Lins, redator da Plano B) Comunicação
O fato é que ninguém compra revista por causa das publicidades, ou liga a TV esperando o intervalo comercial. A propaganda entra sem pedir licença, quase como intrusa. E para não figurar como estraga prazeres da história, ela precisa lançar mão de estratégias que a tornem ao mesmo tempo agradável, instigante e criativa para quem a assiste, e eficiente para quem a financia. Ela pode fazer isso brincando com sensações ou emoções, convencendo por meio do discernimento ou da ponderação, ou simplesmente mandando. E como é bem melhor ser convencido a fazer algo ou brincar do que receber ordens... Ainda mais da TV ou de um pedaço de papel.
É quando o humor entra em cena. Não só para motivar as pessoas a permanecer ligadas a determinado canal ou a continuar em sua leitura, mas para deixá-las emocionalmente mais felizes. “Depois de um dia de trabalho estafante, de broncas do patrão e preocupações com a violência, a pessoa chega em casa e, na frente da TV e sem custo nenhum, pode receber mensagens agradáveis que a façam rir e aliviar seu dia”, afirma o escritor e diretor da Escala Comunicação e Marketing (RS), Alfredo Fedrizzi. “Para chegarmos ao bolso das pessoas temos que passar antes pela emoção”, diz.
Fedrizzi é autor de O humor abre corações. E bolsos, obra que versa sobre o uso do humor na propaganda e reúne depoimentos relativos ao tema de publicitários, acadêmicos e profissionais que lidam com o riso. Entre os ouvidos, o pessoal do Casseta & Planeta, o Garoto Bombril Carlos Moreno e o publicitário Washington Olivetto, mestre em criar propagandas bem-humoradas e eficientes. O livro não se compromete a esgotar o assunto, mas em levantar todas as facetas dele: “O humor é uma das mais sofisticadas e interessantes características da inteligência humana. Quase todos os grandes criadores e pensadores da humanidade o usaram para transmitir idéias complexas: Freud, Dante, Shakespeare, Cristo, Nietzsche, Voltaire”, explica o profissional.
QUE DUREZA! - Mas o humor exige cumplicidade com o outro para que possa existir. Ele é contestador por natureza, permite às pessoas falarem coisas ou agirem de modo que não ousariam em condições normais. E o que é melhor, sem romper com a boa convivência social e, de quebra, fazendo a pessoa criticada abrir um belo sorriso.
Diferentemente do que se pensa, o humor é um recurso difícil de trabalhar, o que obriga os publicitários a usar a estratégia com inteligência e sobriedade, ou ter que amargar a cara amarrada de espectadores e anunciantes. Nem tudo pode ser subvertido. Existem limites que, se quebrados, podem criar problemas incontroláveis. “Nem todas as marcas e produtos permitem o politicamente incorreto. Mas, em muitos casos, é o que faz o comercial ou o anúncio chamar a atenção do consumidor”, avalia Alfredo Fedrizzi.
Alfredo Fedrizzi, Escala Comunicação e Marketing (RS)
Já disse Washington Olivetto que é difícil encontrar o humor no que é politicamente correto. O que não significa que a publicidade tenha passe livre para ferir ou ofender. “Não se deve fazer humor que denigra tipos humanos, etnias, sexo, idade, animais, ETs e até publicitários. Existem pesquisas que comprovam que mulheres loiras baixam seu rendimento médio depois de submetidas a piadas sobre loiras burras”, revela o professor do curso de publicidade e propaganda da UFPE Dirceu Tavares. “A pior piada é a que faz com que todos riam de um só. Zombar de forma agressiva das minorias é uma tática covarde que não tem a mínima graça”, completa o designer da agência Arcos (PE), Anderson Lima.
O problema se instala quando a vontade de ganhar prêmios ou de compor portfólio bacana se torna prioridade. É quando surgem aquelas campanhas de humor forçado, ou mesmo duvidoso, daquele que só faz rir o próprio autor da piada. Quando muito. “Se a idéia é fazer humor, o cuidado tem que ser dobrado. Tenho visto muita peça que está mais para o Desencannes (www.desencannes.com). Aquela situação na qual todos se olham e perguntam ao outro se ele entendeu é péssima. Julgar-se burro ou julgar a publicidade burra cria antipatia pelo cliente”, critica Anderson Lima. Ele cita o caso de uma academia de ginástica que fez piada com a anatomia das gordinhas e teve que tirar a campanha do ar. “A questão não é ser correto ou incorreto. E sim: a piada é tão boa a ponto de perder a simpatia deste ou daquele consumidor? Se você brinca com a gordinha por ela não caber na sua roupa, quando ela emagrecer não vai comprar na sua loja”, pondera.
Costumamos exemplificar o politicamente incorreto com uma linha. Quanto mais perto dela, mais nos tornamos engraçados. Mas, se a ultrapassamos, chocamos as pessoas e temos efeito negativo”, conta o responsável pela 'redassão' e 'revizão' do site humorístico Humor Tadela (humortadela.uol.com.br), Paulo Faiock. Com dez aninhos de pura subversão, o endereço recebe mais de 100 mil visitantes únicos por dia, já tendo exibido em sua página anúncio de empresas como Ford, Motorola e Columbia Pictures. “A procura por publicidade vinculada ao humor vem crescendo bastante nos últimos anos. E sabe-se que isso chama muito a atenção. Os comerciais mais falados são sempre os mais engraçados”, conta Faiock. E brinca: “O termo 'politicamente incorreto' tem várias interpretações. Na Índia, a vaca é sagrada. Então jamais poderíamos fazer qualquer brincadeira com o bicho. Já no Brasil, falar da Bruna Surfistinha não é proibido! Eis um exemplo de 'politicamente incorreto'!”.
Anderson Lima, agência Arcos
“Só os extremistas religiosos e os políticos se levam muito a sério e não riem. Com criatividade, praticamente tudo pode ser vendido com humor. Mas falo do humor mais efetivo da publicidade, que é o que faz sorrir, e não gargalhar”, afirma o autor Alfredo Fedrizzi. “É sempre melhor vender qualquer coisa por meio do humor, desde que se tenha mensagem inteligente, pertinente e persuasiva. O humor só não funciona ou não é bem-vindo quando é desrespeitoso, desagradável ou não é usado na dose exata”, completa o VP de Criação da Propeg (BA), Maurício Carvalho. Não é bem o que pensa Ricardo Lins: “A propaganda permite concessões. Vale tirar onda com baixinho, velhinho, gay, careca e até com o presidente. É certo que sempre alguém se sente ofendido, não concorda ou acha um absurdo. Você pode criar anúncio digno de Grand Prix em Cannes, mas sempre vai existir alguém que não vai achar a menor graça”.
Que o diga o Conar (www.conar.org.br) e os casos em que o consumidor ofendido foi quem riu por último. Em comercial das Havaianas, por exemplo, o ator Marcos Palmeira era assediado por assanhada senhora. Ela prometia tirar toda a roupa do mancebo para dar-lhe bom banho. Tudo menos as sandálias, pois seu chuveiro elétrico dava choque. Aqui, quem foi para o chuveiro mais cedo foi o comercial. Em outro, veiculado em São Paulo, cidade onde se concentra a maior população de judeus do Brasil, padre e rabino discutiam em um bar se 'Ele' teria vindo ou não. No final do filme, entretanto, ambos concordavam que o importante é que 'ela' a cerveja tinha vindo. A conta foi paga com um processo no Conselho.
“Alguns comerciais tentaram ser engraçados, mas acabaram passando longe disso. Como o 'abraço', da Skol (no qual as pessoas apertavam as nádegas umas das outras. Exceto a de uma mulher que não estaria 'inserida' nos padrões de beleza); e o dos biscoitos Vitarella, em que aparecem duas crianças no estande da marca, em supermercado, e um fica repetindo o que o outro diz. Outro é o da Água Sanitária Dragão, no qual o marido vai ver a empregada trocando de roupa pelo buraco da fechadura e chega a mulher dele, feia e gorda, com um rolo de macarrão para descer a porrada nele. Essas são algumas, mas existem muitas outras. As que não são engraçadas dificilmente ficam na nossa mente”, revela o diretor de Arte da Ágora Comunicação (PE), Thiago Almeida.
O publicitário reconhece que a linguagem humorística é internacional, e é isso o que demonstra como o humor é ferramenta importante para a propaganda desde que usado com cautela para não prejudicar o produto ou serviço. Mas como toda tradução tem um pouco de traição em si, qualquer cuidado é pouco. “Conhecer a cultura local é imprescindível. Um dos comerciais mais criativos que já vi é o de uma marca americana de salmão em lata. Nele, um homem briga com um urso por um salmão na beira do rio. Para tirar o peixe do urso, o homem chuta o saco dele. E, enquanto o animal se contorce, ele rouba o peixe. Muito divertido. Mas numa comunidade 'séria' de ecologistas, pode não funcionar e causar estrago imenso à marca”, conta Fedrizzi. “Boa piada é sempre boa piada. Mesmo que às vezes precise ser reciclada. Pelo menos enquanto você estiver contando para um público de mesma cultura, ela vai funcionar. Contar piada de português em Portugal é gritar 'cazá, cazá!' dentro da Inferno Coral”, emenda Ricardo Lins.
Maurício Carvalho, da Propeg(BA)
Sem querer estragar a piada, fazer rir não é tudo. Se esperam conquistar alguém, as empresas precisam atuar conforme bases bem construídas sobre a qualidade de seus serviços e produtos oferecidos, o respeito ao consumidor e a agilidade no atendimento. Sem falar em pesquisas e programas de relacionamento. “O ideal é oferecer ao cliente aquilo que ele espera de você e mais um pouco. Para isso, além de conhecê-lo, é necessário tratá-lo de forma segmentada e personalizada. Isso pode ser aplicado à comunicação de uma empresa com seu cliente com ou sem o uso do humor”, afirma o publicitário baiano Flamarion de Cerqueira Reis. “O humor é uma forma de atrair a atenção para o anúncio, mas isso requer cuidados para não transmitir idéia que venha a ser entendida como um ato de desrespeito ou preconceito e irritar o consumidor”, diz.
A palavra em jogo é empatia. Quando se obtém isso do consumidor, ele está conquistado a ponto de adquirir o produto ou serviço anunciado, ou mesmo de indicá-lo a alguém. “Mais do que buscar o Market Share e o Share of Mind, as empresas procuram ter o Share of Heart. Emoções. Afinal, se é tudo igual, nós consumidores queremos comprar de quem gostamos, de quem nos proporciona experiência memorável”, ensina Cláudio Tomanini, professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. “A arte de vender é a arte de seduzir. Em um processo de sedução entre homem e mulher, por exemplo, muitas vezes pode haver uso do humor. Outras vezes não serve. Cabe ao sedutor/vendedor avaliar o seu cliente e traçar a melhor estratégia, sempre buscando criar relacionamento, conquistar. Não importa o mercado, nem o produto”, conta o acadêmico.
NÃO TEM PREÇO - O tema (o humor, não a publicidade) tem sido elemento de reflexão há mais tempo que se possa imaginar. Na Antiguidade, o filósofo grego Aristóteles dizia que o riso é característica própria e singular ao ser humano. Em 1905, seria a vez do austríaco Sigmund Freud voltar sua atenção às origens psíquicas e às causas do riso no célebre O chiste e sua relação com o inconsciente. Pouco antes, no limiar do século 20, o filósofo francês Henry Bergson dava sua contribuição ao debate com uma teoria considerada a mais completa até hoje. “Nada desarma como o riso”, dizia ele em sua obra O riso: ensaio sobre a significação da comicidade.
Na propaganda, o humor provocou seus primeiros risos a partir do aparecimento de nova estratégia publicitária, a persuasão. Isso ocorreu nos anos 70, nos Estados Unidos. Antes, as campanhas se preocupavam apenas em informar o consumidor com a apresentação de dados objetivos e valores positivos de produtos, serviços ou pessoas. Com a persuasão, sai a razão e entra a emoção.
David Ogilvy, um dos grandes nomes da publicidade moderna, resistia bravamente ao uso do humor em suas campanhas: “Ninguém compra nada de um palhaço”, criticava. Não era o que as pesquisas mostravam. Na década de 80, sua empresa realizou estudos em vários países e constatou que os comerciais mais engraçados também eram os mais lembrados pelos consumidores. Vencido, David mudou de idéia, e sua agência passou a criar peças de sucesso nas quais o humor se destacava.
Cláudio Tomanini, professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (SP)
A novidade americana encheu de brilho os olhos da publicidade mundial. Aqui, ela chegou nos anos 70, passando as narrativas publicitárias a valorizar o humor, o sarcasmo e a malandragem. Um bom exemplo é o folclórico comercial de cigarros com o jogador de futebol Gérson. “Você gosta de levar vantagem em tudo, certo?”, era o que dizia o texto do VT. “O fato de o brasileiro ser o que se chama de homem cordial dá uma dica de como o humor e a piada encontram identificação no público canarinho”, explica Daniel da Hora, professor das Faculdades Integradas Barros Melo (Aeso). “A propaganda brasileira adora o humor, seja ele sarcástico, ingênuo ou com uma pitada de drama. Vai ver porque todo brasileiro tem um pouco do cara engraçado que não perde a oportunidade de pregar uma peça, dar um susto ou sacanear, no bom sentido da palavra. No final, fica a velha mania de perder o amigo, mas não a piada”, completa Ricardo Lins.
“Apesar das adversidades, os brasileiros continuam com predisposição para rir. Por isso, o humor no Brasil está sempre evoluindo junto com seu povo, pois o que não falta é assunto ou momento para tirar uma onda”, afirma Thiago Almeida. Esse dom made in Brazil não ficou restrito a limites geográficos, influenciou outros países, como Portugal. “Com o estilo brasileiro, a publicidade portuguesa ficou mais próxima dos consumidores, tornando-se fenômeno popular a ponto de, na televisão, ser vista da mesma forma que um bom programa: com prazer”, revela Thiago.
Um bom riso cura a alma, mas como disse Millôr Fernandes: “O humorismo é a quintessência da seriedade”. Separados, os dois até podem ser bons. Mas quando estão juntos, são bem melhores. A campanha do Garoto Bombril criada pelo publicitário Washington Olivetto, por exemplo, unia informação e humor à performance marcante do ator Carlos Moreno. Ela ficou 26 anos no ar. O Casal Unibanco é outro marco de sucesso, como os já folclóricos 'Bonita camisa, Fernandinho!', das camisas US Top, e 'Não é assim nenhuma Brastemp'. Mais que exercer grande influência na hora da compra, esses comerciais caíram no gosto do público a ponto de ter seus bordões incorporados ao dia-a-dia das pessoas. “O recall desses filmes não deixa dúvida: fazer o consumidor rir é ótimo. E se for verdade que a primeira impressão é a que fica, na pior das hipóteses o anunciante vai levar a fama de simpático”, brinca Ricardo Lins.
A publicidade atual está cheia de bons exemplos nos quais o humor é elemento de destaque. Um deles é a campanha da cerveja Antarctica com a turma da BOA. A descontração sempre esteve presente nas ações da marca, sendo intensificada a partir de 2004 com a entrada do humorista Bussunda e da atriz Juliana Paes. Em outro caso, a característica está no nome. É o Natura Humor, conjunto de fragrâncias da Natura que utiliza charges para retratar o cotidiano das relações entre homens e mulheres. Para apresentar o produto, esquetes teatrais reproduzindo a linguagem das histórias em quadrinhos e comerciais que mesclavam imagens reais e charges do cartunista Caco Galhardo criador de Os pescoçudos. No Nordeste, a Propeg apostou no riso como estratégia para a campanha de aniversário das lojas Insinuante. Em poucos segundos, os comerciais recriavam o espírito de programas humorísticos para incrementar a comunicação da empresa. “Usar o humor na propaganda deveria ser obrigação de todo publicitário”, diz Maurício Carvalho.
E se havia algum mito que distanciava a publicidade do humor, afastando alguns que tinham receio de arriscar na estratégia, hoje ele está desaparecendo. “O importante é saber dosar. Nenhum cliente quer pagar 30 segundos no break para assinar uma piada. Já é difícil convencê-lo de que o filme fica melhor com essa ou aquela brincadeira, ou com aquele fim engraçado. A maioria gosta do básico, de fazer igual ao concorrente. Principalmente quando o concorrente é grande”, conta Ricardo Lins. Mas, tomando a palavra de dois pensadores do assunto (Freud e Bergson), o riso tem algo de sublime e elevado, por isso gostamos de rir e todos os pretextos valem para isso. Será?
http://www.revistapronews.com.br/edicoes/79/capa.html



Salvador: só sendo daqui pra entender
Flamarion de Cerqueira Reis*

Hoje não vou falar de comunicação, publicidade, propaganda ou marketing. Mas, vou propagar. Salvador completa 461 anos.

Vivo numa cidade cheia de ritmos, ladeiras, cores, batuques e tabuleiros. Uma cidade, em que só mesmo sendo daqui pra entender. Entender porque o Center Lapa fica na Praça da Piedade enquanto o Shopping Piedade fica na Lapa.

Mais que isso. Uma cidade que se divide em duas e é ligada por um elevador que não é panorâmico, mas que além de meio de transporte é ponto turístico. E, mesmo dividida em duas, absolutamente tudo fica pertinho do Bompreço.

Moro numa cidade que não tem aeroporto. Apenas a entrada do aeroporto com todo aquele bambuzal é em Salvador. O restante dele pertence a Lauro de Freitas, cidade tão próxima que os ônibus de lá rodam por toda cidade de cá e custa o mesmo valor. Enquanto que os daqui, dizem que a passagem é barata demais, que as empresas não têm lucro...

Minha cidade, como muitas, tem morros. A diferença é que aqui, morro é lugar de rico... então, conheça o morro do gato, do gavaza, do Ipiranga ainda que lá não tenha muita coisa pra se vê.

Um dos pontos predileto dos turistas é Itapoã, ou será itapoan? Nem quem mora lá sabe como se escreve o nome do bairro. Assim como, quem mora em Cajazeiras, Fazenda Grande, Cabula, Mussurunga se perde só em imaginar que seu bairro começa no número 1 e vai até o número seis mil quatrocentos e vinte e dois. Só quem mora em cajazeiras XXVIII, por exemplo, sabe do que estou falando.

Salvador também é a cidade que tem o metrô suspenso. Quer dizer? A cidade que tem a intenção de acabar a construção do metrô um dia, nem que esse dia esteja bem distante. Mas não é preguiça do povo daqui. É falta de boa vontade dos políticos mesmo.

Dizem que trabalhar com moda na Bahia não é um bom negócio. Porque aqui tem festa o ano inteiro e o ingresso de cada festa já vêm com uma camisa. De preferência, colorida.

Mas, foi aqui onde tudo começou. Onde o Brasil começou a ser desvendado e sua gente ficou misturada. Por isso todo mundo que vir a Salvador. Terra mãe. Terra dos santos e encantos. Ainda que não entenda muito a nossa linguagem, mesmo com a ajuda do dicionário baianês, e ridicularizem o nosso sotaque, estamos sempre de braços abertos para acolher e mostrar que em Salvador, se você não se perder por vias, você se perde por fatos.

Parabéns minha cidade! Parabéns Salvador!

*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com

Gente, tô muito feliz hoje porque acabei de ficar sabendo que a Skol ouviu o apelo de Bernardo Mussi e Francisco Pedro da Fonseca sobre o lixão encontrado na Paria do Porto da Barra após às festas e, apesar dos veículos de comunicação de massa não terem se pronunciado, as redes sociais e espaços independentes como o nosso, conseguiram divulgar o problema de forma a despertar a atenção da Skol.
Mais que ajudar a natureza e prezervar uma das parias mais bonitas do mundo, a Skol reverte a questão da propaganda negativa que falei na denuncia feita neste blog (logo abaixo) em uma forte ferramenta a seu favor.
Veja na íntegra, agora, a matéria de Renato Pezzotti publicada no Meio e Mensagem:

"Skol fará ação para limpar mar de Salvador

Mutirão nas praias do Porto e da Barra pretende retirar latas, garrafas plásticas e outros objetos do fundo do mar
Por Renato Pezzotti
26 de Março de 2010 às 12:49

A Skol realizará neste final de semana, 27 e 28, uma ação em Salvador. A marca vai promover um mutirão nas praias do Porto e da Barra para retirar latas, garrafas plásticas e outros objetos do fundo mar.
Mergulhadores contratados pela Ambev e voluntários participarão da coleta. Quem não tiver habilitação para mergulhar mas quiser participar poderá participar da ação na areia, reforçando a equipe da catadores. O material coletado será doado para a Canore - Catadores da Nova República, ONG soteropolitana.
A ação nasceu nas redes sociais. Bernardo Mussi e Francisco Pedro da Fonseca, participantes da Global Garbage, organização que relata problemas referentes ao lixo marinho, mergulharam nas praias dias depois do carnaval e viram o fundo do mar infestado de latas de cervejas e energéticos, além de garrafas plásticas, restos de abadás e outros objetos.
Segundo o site da Skol, os dois fizeram fotos do que viram e tentaram entregar à imprensa local, mas não foram ouvidos. As imagens também foram publicadas no blog da organização e acabou chamando a atenção de usuários do Facebook e o Twitter. A marca identificou discussões sobre os detritos e convocou a empresa Target para desenvolver a ação.".


Você vai achar que o corpo do artigo está no título, mas na verdade tem muito mais coisa escrita do que você imagina. Opa! Para escrever sobre sair do óbvio é mesmo necessário surpreender com um título deste tamanho?
Flamarion de Cerqueira Reis* 

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Todo mundo promete começar o ano fazendo coisas novas, diferentes, realizando, surpreendendo... Mas, agora, já no final do mês de março, a gente percebe que muitos conseguiram surpreender, mas, muitos outros conseguiram mesmo ser surpreendidos.
Muitas empresas gostam de surpreender seus clientes com produtos novos e, para isso, fazem uma série de projeções e planos. Um dos papeis mais fundamentais da propaganda é surpreender o cliente e o consumidor (cliente, neste caso, é a empresa anunciante e consumidor, quem compra da empresa anunciante). Acontece que muitas de nossas atuais propagandas, por culpa das agências, dos anunciantes ou da verba, não nos surpreendem em absolutamente nada. Aí, quem nos surpreende é o consumidor, que não compra o produto e todas as projeções e planos descem ralo abaixo e a culpa? Essa nunca surpreende. Sempre recai sobre a propaganda.
Para surpreender é necessário sair do óbvio. E sair do óbvio muitas vezes é parar e refletir. A Brastemp fez isso quando criou a Geladeira Inverse (freezer embaixo e geladeira na altura dos olhos tornando o uso do equipamento mais prático para o consumidor) e a DM9DDB acertou em cheio criando o conceito e o site “desobvialize” para divulgar seu cliente. Os consumidores? Esses, se não sonhavam em trocar de geladeira, agora querem ao menos ver essa novidade nas lojas. Ponto pra marca. Não deixa de ser.
Surpreender é saber, que mesmo que já se tenha passado quase 90 dias deste ano, nunca é tarde para rever os planos, alterá-los, começar, errar, voltar, fazer novamente, aprender com os erros, acertar e continuar planejando. É se permitir surpreender e ser surpreendido. É mais que assistir a outro canal na hora de nosso programa preferido; é descobrir que o nosso programa preferido não é tão preferido assim. É ir ao trabalho por outro caminho e descobrir que a paisagem é muito mais atrativa e inspiradora... se permitir surpreender muitas vezes revigora. Só assim, ao final do dia, a gente abre a caixa registradora e vê o quanto uma propaganda bem conceituada contribui para que a gente se surpreenda.
*Flamarion de Cerqueira Reis é publicitário e profissional de marketing. Atualmente, colabora para diversos veículos de comunicação escrevendo sobre propaganda e mercado e atua na área de venda direta representando uma marca de cosméticos para a Bahia. Publica o blog: tabuleiropublicitario.blogspot.com
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No fundo da folia!

Falando sério... o publicitário Bruno Ventura me mandou um e-mail nesta manhã que gostaria de compartilhar com vocês. E pra isso, criei este espaço especial que vamos chamar de "Opa!". O que isso tem com comunicação, publicidade e marketing? Muita coisa. A começar pela propaganda negativa de nossa cidade, de nosso turismo, das marcas que aparecem... Só queria saber uma coisa: por que os veículos de comunicação não mostraram? Não tenho certeza, mas me parece que o autor do e-mail original é Bernardo Mussi, mas sei que a indignação é de todos nós!

Segue e-mail na íntegra:

Fica muito díficil fazer festa assim,como artista que participo do Carnaval me sinto extremamente mal,e sei que tudo isso foge aos olhos de quem está tocando e cantando em cima de um trio,( Trio Independente).Um dia a natureza pode reclamar,e aí,a quarta feira vai ser totalmente de Cinzas.Lamentavel!
Dez dias após o carnaval, resolvi mergulhar com dois amigos na área do Farol da Barra para confirmar a notícia de que havia uma quantidade absurda de lixo espalhada pelo fundo do mar naquela área.

Mesmo com a água um pouco suja por causa das chuvas do dia anterior, logo identificamos o local. Na verdade o lixo não estava espalhado, mas concentrado em um canal provavelmente em razão do movimento das marés. Uma cena lamentável! Eram pelo menos mil e quinhentas latinhas metálicas e garrafas plásticas.

Da superfície o visual parecia com as imagens áreas que vemos dos blocos de carnaval durante a festa momesca. Só que ao invés de estarem pulando, dançando e se beijando ao som frenético e ensurdecedor dos trios elétricos, os foliões do fundo do mar estavam rolando de um lado para o outro numa mórbida coreografia, empurrados silenciosamente pelo balanço do mar, sem dança, sem alegria, sem vida e sem poesia.

Assustados, decidimos não retirar o material naquele dia na esperança de tentar sensibilizar algum veículo de comunicação para fazer uma matéria com imagens subaquáticas. A intenção era compartilhar aquela agressão carnavalesca com nossa população e os donos da folia.

Fizemos contato com pelo menos três emissoras e todas pediram que enviássemos e-mails com fotos, o que fizemos imediatamente. Aguardamos respostas por dois dias e como não tivemos qualquer retorno, optamos por retirar o lixão de lá para evitar maiores danos.

A bem da verdade estávamos super desconfortáveis com nossas consciências por termos testemunhado aquela cena e deixado para resolver o problema dias após. Mas tínhamos que tentar a matéria para que a ação não se resumisse somente à coleta do material.

Tínhamos em mente que a repercussão sensibilizaria os empresários e artistas do carnaval, os órgão públicos, a imprensa, as empresas financiadoras e nossa gente. A tentativa foi boa, mas não rolou…

Fomos então, no terceiro dia após o primeiro mergulho, retirar o material. Antes, porém, fiz questão de chamar um amigo que tem uma caixa estanque para filmarmos a ação e guardarmos o documentário visando trabalhos futuros e até mesmo a matéria que queríamos na TV.

Sem cilindro de ar e contando apenas com duas pranchas de SUP (Stand Up Paddle) e alguns sacos grandes, éramos quatro mergulhadores ousados retirando do fundo do mar tudo o que podíamos naquela tarde.

Pouco antes de o sol se pôr conseguimos finalmente colocar todo o lixo na calçada.
Muitos curiosos, inclusive turistas, olhavam intrigados a nossa atitude e a todo o instante nos questionavam sobre a origem daquele resíduo. A resposta estava na ponta da língua: Carnaval!

Vou logo informando aos amigos leitores que não sou contra o carnaval, muito pelo contrário, sou fã por diversos motivos, mas acho que a realidade da festa não guarda a menor relação com as belíssimas cenas, as informações rasgadas de elogios e a excessiva euforia amplamente divulgada pela mídia.
Sei que o comprometimento com os patrocinadores e aquela velha guerrinha de vaidades contra os carnavais de outros estados como Pernambuco e Rio de Janeiro, acabam conspirando para isso. Mas vejo aí um modelo cansado, super dimensionado, sem inovações socialmente positivas e remando na direção oposta ao desenvolvimento sustentável da nossa cidade.
Aquele lixo submarino é um pequeno sinal deste retrocesso. Pior, patrocinado solidariamente pelos grandes empresários, artistas e principalmente pelo poder público que tem o dever de melhorar nossa segurança, nossa saúde e educação.

Aproveito o embalo para incluir indignação semelhante sobre os eventos realizados na praia do Porto da Barra durante o verão.
O “Música no Porto” e o “Espicha Verão” não tem trazido nada de bom para nossa cidade, além da oportunidade de vermos ótimos artistas de perto e de graça. De resto, o lixo, o mau cheiro, a degradação ambiental, o xixi pelas ruas, a impressionante quantidade de ambulantes amontoados por todos os espaços públicos e a agressão aos patrimônios históricos, são um grande “pé na bunda” do turista de qualidade.

É o mesmo que olhar para uma bela maçã com a casca brilhante e aspecto suculento, porém, apodrecida por dentro…
Naquele final de tarde acabamos contemplando um por do sol diferente. O monte de lixo empilhado na calçada do Farol da Barra virou atração. E como Deus é grande, fomos brindados com a presença de valorosos catadores de rua para finalizar a limpeza.

Desta ação, além das ótimas imagens documentadas em vídeo, resta rezar para que os donos do carnaval, dos eventos no Porto da Barra e nossos queridos foliões se toquem que algo tem que mudar.

O fundo do mar não merece aquele bloco reluzente e, ao contrário do asfalto, o oceano costuma revidar violentamente as agressões sofridas.
Não tem alegria alguma no fundo da folia!


Fotos: Francisco Pedro / Projeto Lixo Marinho - Global Garbage Brasil
Fotos do Espicha Verão: Manuela Cavadas e Luciano da Matta / Agência A Tarde


Tabuleiro Publicitário não s eresponsabiliza pela veracidade das denúncias enviadas por terceiros. No entanto, essas imagens mais do que provam... chocam.