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segunda-feira, 13 de julho de 2015

Novo presidente da Abap Bahia, Moacyr Maciel, bate um papo com o Tabuleiro.... confira!

Ele foi um dos fundadores da Ideia 3, onde atuou e aprendeu em quase todas as áreas da agência. Recebeu o Profissionais do Ano (Rede Globo), o Prêmio Abril de Publicidade (Editora Abril), Colunista de Melhor Diretor de Criação do Norte-Nordeste, o Grand Prix de TV e Cinema do Festival Internacional de Publicidade do Turismo (Fiptur) e agora, no próximo dia 15, assume a presidência da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap-BA). Moacyr Maciel é o entrevistado do Tabuleiro mais Publicitário da Bahia desta quinzena!

Tabuleiro Publicitário - Quais as suas expectativas em assumir a presidência da Abap-Bahia?
Moacyr Maciel - O primeiro ponto é a valorização da propaganda, resgatando o protagonismo e influência das agências nas decisões mercadológicas. Por outro lado, desenvolver o mercado é fundamental. Hoje, as principais agências baianas, têm grande parte da sua receita gerada por anunciantes de outros estados. Isso é bom por atestar a qualidade do trabalho desenvolvido por nossas agências. Por outro lado, indica a falta de anunciantes representativos no nosso mercado. E desenvolver o mercado implica em atuar tanto na valorização da ferramenta propaganda quando no fomento ao surgimento de novos anunciantes. Importante também tornar as nossas agências mais competitivas. Porque se a solução para o desenvolvimento do mercado também passa por atuar em outros estados, essa oportunidade sinaliza para a necessidade de diferenciação.

TP - A Bahia já foi considerada um dos maiores centros criativos do Brasil. Ultimamente, agências de outros estados do Nordeste vêm se destacando. A Propaganda baiana está menos criativa ou isso ocorre porque as agências saíram do foco da propaganda e abraçaram outros serviços de comunicação? 
MM - Acho que o destaque obtido em premiações é um dos indicadores, mas não pode ser encarado como um termômetro da qualidade do trabalho criativo desenvolvido pelas agências. E esse é um fenômeno mundial. Uma das palestras de maior repercussão esse ano em Cannes foi a do Iraniano Amir Kassaei, condenando a produção de peças para ONGs diversas com o objetivo principal de ganhar prêmios e não necessariamente de gerar resultados para essas ONGs. 
Por outro lado, mundialmente, os anunciantes voltaram a perceber a importância de apostar em peças mais criativas. E esse fenômeno acaba chegando nos mercados regionais. Com o crescimento das redes sociais, um comercial mais criativo acaba ganhando milhares de compartilhamentos, sem nenhum custo para o anunciante. 
Respondendo diretamente a sua pergunta acho que a Bahia continua sendo uma referência, uma grande escola e continuará sendo. Acabamos de receber a relação de peças finalistas do Profissionais do Ano e a Bahia tem uma das peças na categoria mercado Norte-Nordeste e outra na Categoria institucional Nacional. 

TP - No mercado há muitos clientes que gostam de “palpitar” durante o processo criativo. O que pensa a respeito?
MM - A participação do cliente é fundamental. Principalmente se começar com um bom Briefing. A participação no processo criativo, no entanto deve ser tratada como uma contribuição e não como uma imposição. Seria o mesmo que ir em um bom restaurante e querer interferir no trabalho do Chefe de cozinha. 

TP - Como pretende atuar, durante a sua gestão, para a valorização da propaganda baiana?
MM - Desenvolvendo ações que reforcem a importância da propaganda no desenvolvimento das empresas. 

TP - Outras entidades têm buscado uma aproximação com as agências do interior do estado, a exemplo do Sinapro Bahia. Como a Abap atuará com essas agências durante a sua gestão?
MM - A ABAP trabalha pelo fortalecimento do mercado publicitário baiano e, nesse contexto, consolidamos nosso papel como a indústria de ponta da economia criativa que, com ética e responsabilidade, desenvolve mercados, cria hábitos e atitudes de consumo, gerando riquezas, empregos e impostos.
Vamos sempre procurar a integração com as agências do interior do Estado, reconhecendo que essas empresas enfrentam maiores dificuldades, em relação às que têm como área de influência, a Capital, mas a política adotada pela entidade é no sentido de buscar o fortalecimento em todo estado. 

TP - Atualmente tem se falado muito em crise no Brasil e você é uma das pessoas que mais falam em aproveitar o momento de crise para crescer. Como a Abap pretende atuar dentro deste discurso?
MM - A propaganda tem se mostrado um dos principais aliados na amenização dos efeitos das crises. Estudos realizados ao longo dos últimos 30 anos comprovam que as empresas que mantiveram seus investimentos em comunicação, durante os períodos de retração, foram as que tiveram a melhor performance em seus segmentos e também as que ganharam mais participação após o fim desses períodos. A crise pode ser sim uma oportunidade. Porque o consumidor não desaparece. No máximo evita o consumo do que considera dispensável naquele momento. E dispensável é aquilo que não se dá valor. Aquele item que não faz falta e você pode passar sem. Aquela marca que tem uma quase igual para substituir. E a substituta pode ser a sua marca. E tem também aquele produto que deixou de ser comprado e o consumidor passa a adquirir outro para compensar e, mais uma vez, pode ser o seu produto.     

TP - Muita gente sabe da existência de inúmeras entidades representativas do setor e o que cada uma faz se confunde um pouco. Muitos publicitários inclusive, ficam na dúvida até de em qual delas associar sua agência. Qual o papel e a importância da Abap para o mercado baiano?
MM - Além da Bahia, a Abap  está presente em todos os Estados do País e é a maior organização do setor na América Latina. Suas associadas são responsáveis por 78% do investimento publicitário brasileiro em mídia, movimentando um universo de 3.200 profissionais e 4.100 clientes. Dentre as realizações da Abap estão: a co-fundação do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), o Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp), o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), o Fórum Permanente da Indústria da Comunicação (Forcom), o Fórum de Produção Publicitária e o Fórum do Audiovisual e do Cinema (FAC). Além disso, a Abap inspirou a lei 4680/65, conhecida como a Lei da Propaganda, e foi responsável pela realização de quatro Congressos Brasileiros de Publicidade e do 5º Congresso da Indústria da Comunicação. A entidade também contribuiu de forma decisiva para a aprovação da Lei 12.232, que regulamenta os critérios para licitações públicas.  
Na Bahia atua defendendo os interesses das Agências, desenvolvendo ações voltadas para o fomento do mercado e valorização da Propaganda. As outras entidades têm também um papel relevante e distinto o que não impede que atuemos em conjunto para o crescimento do nosso mercado. 

TP - Qual a ligação da Abap com entidades internacionais como a Associação Americana de Agências de Publicidade e Associação Europeia de Agências de Comunicação?
MM - A associação é sister associated da Associação Americana de Agências de Publicidade (AAAA) e da Associação Europeia de Agências de Comunicação (Eaca).

TP - Qual o perfil profissional de um publicitário hoje? O mercado baiano ainda comporta mais agências e profissionais?
MM - O publicitário deve, principalmente, entender de gente. Saber o que motiva as pessoas a consumirem esse ou aquele produto, valorizar essa ou aquela marca e obviamente estar capacitado tecnicamente para escolher as ferramentas mais adequadas. 
O tamanho de qualquer mercado depende da demanda existente e da demanda potencial. O nosso mercado sempre viveu apoiado no tripé formado por contas do segmento público, varejo e imobiliário. Infelizmente nosso estado tem pouquíssimos clientes que produzem bens de consumo. O segmento público se manteve. O varejo sofreu com a incorporação de marcas locais por grupos nacionais. O imobiliário teve uma queda representativa. Inicialmente em função do elevado estoque produzido durante o boom vivido pelo setor e atualmente pela crise econômica atravessada pelo país. 
Como disse, as agências com a maior receita na Bahia têm parte representativa do seu faturamento advinda de outros estados. Então não acredito que o momento comporte o surgimento de novas agências e o volume de novos profissionais gerado pelas faculdades de publicidade baianas é bem superior ao que o nosso mercado necessita.

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