Dito Martins tinha uma banda e precisava fazer um arranjo
para uma música e procurou Flávio Morgade, que tinha um jingle de um motel para
ser feito... assim nasceu o Estúdio Elos, que está completando 16 anos. Dito
Martins é um expert em jingles. Publicitário,
músico, compositor, instrumentista – multiprofissional que não para um minuto,
nem quando o assunto é ganhar prêmios – abriu uma exceção para falar com o
Tabuleiro sobre as perspectivas do mercado de áudio baiano e o crescimento do
Elos no Brasil e no mundo.
Confira!
Tabuleiro
Publicitário: Quais as perspectivas de crescimento do mercado de áudio na
Bahia?
Dito Martins: Acredito
que estamos passando por um momento de reciclagem em todo o setor de áudio na
Bahia – tanto na música, quanto na publicidade. É preciso voltar-se para o
conteúdo para gerar marcas. Percebo uma preocupação enorme no setor da mídia e
pouca atenção no que se divulga nela. Grandes prateleiras com produtos frágeis
e passageiros.
TP: Você mantém
um estúdio que atende agências de todo o Brasil. Quais os seus maiores clientes
hoje?
DM - Bombril;
Grupo ABC, que detém as agências África, B. Ferraz, DM9, Loducca, Morya,
NewStyle, Tudo e várias outras; Fiat; Governo da Bahia; Governo de Sergipe,
Governo Federal; 12 concessionárias, shoppings e vários outros. Temos uma
carteira hoje, em torno de 230 clientes.
TP – Quais os
jingles que você fez de maior repercussão?
DM – “Tá na
vitrine tá na mão”, para a C&A, em que a gente traduziu o toque do celular
como base do jingle; “Diferente pra você”, do Salvador Shopping; “Oitavo Dia”,
que foi um jingle gravado por Saulo, Tomate, Levi, Tatau, entre outros grandes
nomes da música baiana, para a Bahiatursa e virou música do novo CD do Jammil;
“Deusas do Amor”, para a Gillette Venus (P&G), gravado por Ivete e
Claudinha. O jingle foi um dos mais executados pelas rádios de São Paulo, Rio
de Janeiro e Belo Horizonte. Foi executada pelas duas artistas no Carnaval de
Salvador e, em poucos dias, obteve a marca de dois milhões de acessos na
internet; e mais recentemente teve o jingle de apresentação do Shopping da
Bahia (ex-Iguatemi), chamado “Benção aos baianos” e que foi gravado por Saulo,
Durval e Márcio Vítor.
TP – Você já
conquistou muitos prêmios com seus jingles e isso é um dos maiores reconhecimentos
que um profissional de propaganda tem hoje, de cada job que realiza. Mas, como
acontece o seu processo criativo?
DM – Normalmente
participo de reuniões com os diretores de criação pra entender e me envolver
com a campanha. Nessas ocasiões, eu já levo o violão pra compor logo após a
reunião. Acredito muito na emoção do momento e, no meu caso, eu sei que ali
está a melhor hora pra traduzir em música o que eu acabei de ouvir.
TP – Clientes em
todo o Brasil, grandes marcas... e quanto ao crescimento do Estúdio Elos?
DM – Estamos
estudando o mercado norte-americano, focando na Flórida. Ainda este ano
estaremos inaugurando uma unidade em Lisboa. Acredito em um mundo plano e sei
que a diversidade de comportamentos só acrescenta no processo criativo. A
propaganda é feita para pessoas e é nelas que temos que buscar a inspiração.
Pra mim, vale muito mais andar nas ruas de New
Orleans do que participar de uma palestra sobre música, por exemplo. Falo
enquanto compositor, mas tenho parceiros no estúdio que possuem toda a bagagem
técnica para unir arquitetura e engenharia. No setor de finalização contamos
com Flávio Souza, que é um engenheiro de som com dois Grammys; na direção de
arranjos, o meu sócio Flávio Morgade, que tem em sua trajetória trabalhos com
Jimmy Cliff, Caetano Veloso, Jammil, Xuxa, Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, César
Menote e Fabiano, dentre vários outros grandes nomes da música.
TP – Dezesseis
anos depois, como você vê o Estúdio Elos?
DM – Um estúdio
que busca o lado gourmet da música, investindo em seus ingredientes. Gosto de
ouvir crianças pra entender as novas tendências. Acredito sempre que o nosso
melhor trabalho ainda não foi feito.
TP – Qual a sua
visão sobre o mercado publicitário e os novos meios de comunicação, que surgem
a cada dia?
DM – Dinâmico e
encantador. A publicidade te permite desenvolver caminhos inusitados para atingir
seus objetivos. A publicidade é plural, o que faz de cada dia um novo desafio.
TB – Fora das
mídias tradicionais, onde o áudio pode ser inserido?
DM – Partindo de
um cartão de Natal a aplicativos, redes sociais, toques de celular...
TB – Onde e como
o mercado de áudio precisa amadurecer?
DM – Nas suas
ferramentas e criação. Investir em pessoas, bons instrumentos... É preciso
acreditar em seu produto pra vender bem.
TP – O que te faz
acreditar no mercado publicitário baiano?
DM – Quando a
Bahia entender a força do seu sorriso será uma potência enquanto estado. O que
precisa ser mudado com urgência é o seu olhar. É preciso juntar essa alegria
com a técnica. Acho que hoje existe um excesso de “sim” por parte das agências.
E isso faz com que elas percam o seu papel maior que é agenciar. Nenhum
paciente decide que veia cortar em uma cirurgia, então, por que os clientes
estão tomando as decisões finais? A agência precisa conquistar a confiança do
seu cliente para estabelecer o seu papel de especialista. Assim construiremos
resultados.
TP - O que espera
do mercado no futuro? Que conselho você dá a quem está entrando no mercado
agora?
DM - Vejo que os
especialistas vão voltar com tudo. Mais importante do que falar inglês, é ter o
que falar. Aprenda outros idiomas sem perder o foco no que mais importa: suas
habilidades. Tenha conteúdo e será traduzido.
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