segunda-feira, 13 de abril de 2015

O mercado, suas perspectivas e provações. Dito Martins solta o verbo em uma entrevista exclusiva

Dito Martins tinha uma banda e precisava fazer um arranjo para uma música e procurou Flávio Morgade, que tinha um jingle de um motel para ser feito... assim nasceu o Estúdio Elos, que está completando 16 anos. Dito Martins é um expert em jingles. Publicitário, músico, compositor, instrumentista – multiprofissional que não para um minuto, nem quando o assunto é ganhar prêmios – abriu uma exceção para falar com o Tabuleiro sobre as perspectivas do mercado de áudio baiano e o crescimento do Elos no Brasil e no mundo.
Confira!

Tabuleiro Publicitário: Quais as perspectivas de crescimento do mercado de áudio na Bahia?
Dito Martins: Acredito que estamos passando por um momento de reciclagem em todo o setor de áudio na Bahia – tanto na música, quanto na publicidade. É preciso voltar-se para o conteúdo para gerar marcas. Percebo uma preocupação enorme no setor da mídia e pouca atenção no que se divulga nela. Grandes prateleiras com produtos frágeis e passageiros.

TP: Você mantém um estúdio que atende agências de todo o Brasil. Quais os seus maiores clientes hoje?
DM - Bombril; Grupo ABC, que detém as agências África, B. Ferraz, DM9, Loducca, Morya, NewStyle, Tudo e várias outras; Fiat; Governo da Bahia; Governo de Sergipe, Governo Federal; 12 concessionárias, shoppings e vários outros. Temos uma carteira hoje, em torno de 230 clientes.

TP – Quais os jingles que você fez de maior repercussão?
DM – “Tá na vitrine tá na mão”, para a C&A, em que a gente traduziu o toque do celular como base do jingle; “Diferente pra você”, do Salvador Shopping; “Oitavo Dia”, que foi um jingle gravado por Saulo, Tomate, Levi, Tatau, entre outros grandes nomes da música baiana, para a Bahiatursa e virou música do novo CD do Jammil; “Deusas do Amor”, para a Gillette Venus (P&G), gravado por Ivete e Claudinha. O jingle foi um dos mais executados pelas rádios de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Foi executada pelas duas artistas no Carnaval de Salvador e, em poucos dias, obteve a marca de dois milhões de acessos na internet; e mais recentemente teve o jingle de apresentação do Shopping da Bahia (ex-Iguatemi), chamado “Benção aos baianos” e que foi gravado por Saulo, Durval e Márcio Vítor.

TP – Você já conquistou muitos prêmios com seus jingles e isso é um dos maiores reconhecimentos que um profissional de propaganda tem hoje, de cada job que realiza. Mas, como acontece o seu processo criativo?
DM – Normalmente participo de reuniões com os diretores de criação pra entender e me envolver com a campanha. Nessas ocasiões, eu já levo o violão pra compor logo após a reunião. Acredito muito na emoção do momento e, no meu caso, eu sei que ali está a melhor hora pra traduzir em música o que eu acabei de ouvir.

TP – Clientes em todo o Brasil, grandes marcas... e quanto ao crescimento do Estúdio Elos?
DM – Estamos estudando o mercado norte-americano, focando na Flórida. Ainda este ano estaremos inaugurando uma unidade em Lisboa. Acredito em um mundo plano e sei que a diversidade de comportamentos só acrescenta no processo criativo. A propaganda é feita para pessoas e é nelas que temos que buscar a inspiração. Pra mim, vale muito mais andar nas ruas de New Orleans do que participar de uma palestra sobre música, por exemplo. Falo enquanto compositor, mas tenho parceiros no estúdio que possuem toda a bagagem técnica para unir arquitetura e engenharia. No setor de finalização contamos com Flávio Souza, que é um engenheiro de som com dois Grammys; na direção de arranjos, o meu sócio Flávio Morgade, que tem em sua trajetória trabalhos com Jimmy Cliff, Caetano Veloso, Jammil, Xuxa, Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, César Menote e Fabiano, dentre vários outros grandes nomes da música.

TP – Dezesseis anos depois, como você vê o Estúdio Elos?
DM – Um estúdio que busca o lado gourmet da música, investindo em seus ingredientes. Gosto de ouvir crianças pra entender as novas tendências. Acredito sempre que o nosso melhor trabalho ainda não foi feito.

TP – Qual a sua visão sobre o mercado publicitário e os novos meios de comunicação, que surgem a cada dia?
DM – Dinâmico e encantador. A publicidade te permite desenvolver caminhos inusitados para atingir seus objetivos. A publicidade é plural, o que faz de cada dia um novo desafio.

TB – Fora das mídias tradicionais, onde o áudio pode ser inserido?
DM – Partindo de um cartão de Natal a aplicativos, redes sociais, toques de celular...

TB – Onde e como o mercado de áudio precisa amadurecer?
DM – Nas suas ferramentas e criação. Investir em pessoas, bons instrumentos... É preciso acreditar em seu produto pra vender bem.

TP – O que te faz acreditar no mercado publicitário baiano?
DM – Quando a Bahia entender a força do seu sorriso será uma potência enquanto estado. O que precisa ser mudado com urgência é o seu olhar. É preciso juntar essa alegria com a técnica. Acho que hoje existe um excesso de “sim” por parte das agências. E isso faz com que elas percam o seu papel maior que é agenciar. Nenhum paciente decide que veia cortar em uma cirurgia, então, por que os clientes estão tomando as decisões finais? A agência precisa conquistar a confiança do seu cliente para estabelecer o seu papel de especialista. Assim construiremos resultados.

TP - O que espera do mercado no futuro? Que conselho você dá a quem está entrando no mercado agora?
DM - Vejo que os especialistas vão voltar com tudo. Mais importante do que falar inglês, é ter o que falar. Aprenda outros idiomas sem perder o foco no que mais importa: suas habilidades. Tenha conteúdo e será traduzido. 

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