Vitor Gouveia começou a carreira na primeira
agência de marketing de guerrilha de Salvador, a Vetora, em 2007. Como a internet sempre era a alternativa à burocracia que impedia as intervenções urbanas na cidade, o publicitário ganhou gosto pelo novo meio e é hoje, diretor de uma
das mais promissoras agências de marketing digital da Bahia, a Sigu (clique aqui). Sm destacando no mercado de marketing digital no Estado, Vitor Gouveia é o entrevistado de hoje do Tabuleiro mais Publicitário da Bahia.
Tabuleiro Publicitário: Qual a fatia do mercado digital na publicidade
baiana hoje? Quais as expectativas de crescimento?
Vitor Gouveia: A internet é
a bola da vez nos investimentos de marketing de basicamente qualquer empresa
que visa crescer em 2015 e isso vale em todo o Brasil. Especialmente em tempos
de crise econômica, a tendência de qualquer empreendedor é buscar retorno
através de ações de marketing online. Para reforçar isso, podemos citar a
pesquisa realizada recentemente pela Price WaterhouseCoopers (PwC), onde o
Brasil é apontado como um dos países com maior índice de crescimento em investimentos
de publicidade na internet, com expectativas de alcançar 18,6%, até 2017.
A razão não é tão difícil de entender: o investimento cresce apenas onde
ele funciona e o marketing digital vem trazendo resultados para variados portes
e segmentos de empresas em ritmo cada vez maior.
Já no mercado digital baiano, não encontramos muitas pesquisas sobre o
crescimento específico na região, mas a Bahia acompanha o país no crescimento
do mercado. Vale aqui trazer uma pesquisa da Hitwise, por exemplo, onde já em
2010 a Bahia era um dos estados que mais cresciam em visitas na internet em
todo o Brasil.
Do ponto de vista prático, aqui na Sigu, sentimos o mercado local cada
vez mais aquecido em relação à necessidade de se investir no marketing digital.
É só notar o aumento cada vez mais constante de novas agências no ramo, de
novas vagas para a área e o número de pequenas empresas que começam a
solicitar, cada vez mais, orçamentos para que o digital contemple as
estratégias de crescimento da sua empresa.
TP: Na internet, tudo parece ser muito rápido. Tivemos a era do Orkut,
dos blogs corporativos. Quais as ferramentas mais populares hoje no mercado
baiano?
VG: Não apenas no mercado baiano,
mas vejo o investimento em links patrocinados crescer e se tornar cada vez mais
importante nas estratégias de marketing digital de empresas. O investimento
nesta modalidade, em 2014, estava previsto para passar a casa do bilhão, representando
mais de 60% do investimento em marketing digital em todo o Brasil.
A razão para isto estar acontecendo se reflete em três fatores: O
primeiro são os resultados obtidos com esta estratégia. Entenda uma coisa:
Links Patrocinados funcionam e funcionam para qualquer tipo de bolso, uma vez
que a verba é maleável e sempre definida pelo cliente. Trata-se de uma
ferramenta incrível e que permite impulsionar outras ferramentas e ações de
marketing para um público segmentado e normalmente acaba pagando apenas quando
este público clica em seu anúncio (CPC), caracterizando resultados precisos em
curto prazo.
O segundo fator é que o empreendedorismo cresce cada vez mais no país.
Seis em cada 10 jovens universitários brasileiros pensam em empreender e este
cenário acaba gerando novas microempresas com sangue jovem. Essas novas
empresas precisam fatalmente de investimento em marketing e optam pelo digital
por permitir orçamentos mais modestos e resultados em curto prazo.
Por fim, em contradição com o crescimento do empreendedorismo, vivemos
hoje uma crise econômica global e, acredite, ela está sim afetando os negócios
locais de Salvador. Neste contexto, as empresas acabam se vendo cada vez mais
motivadas a mobilizar seus investimentos de marketing em estratégias de ROI
mais transparente e retornos em curto prazo. Para isto, Links Patrocinados
acabam se tornando uma opção perfeita.
TP: Blogs corporativos ainda continuam em alta? Qual a importância deles
para uma empresa?
VG: A importância é imensa! Hoje
em dia, cada vez mais pessoas acessam a internet em busca de um conteúdo
relevante e interessante. O próprio leitor deste blog, neste momento (é, você
aí!) está lendo esta entrevista porque está à procura de um bom conteúdo.
Você já pode ter escutado por aí, que na internet conteúdo é rei. E é
mesmo! Conteúdo é o rei, a rainha e o reino inteiro, na internet dos dias de
hoje, sendo imprescindível para as empresas trabalhá-lo em suas ações de
marketing digital.
A própria Sigu pode ser um bom exemplo sobre como um blog corporativo
pode ajudar em seus resultados na internet, pois, aqui dentro, todo mundo
precisa escrever no nosso Blog do Pinguim. A ideia havia surgido a princípio
para motivar a equipe a estudar sobre marketing digital e trazer novidades para
o dia-a-dia da empresa, mas o resultado acabou sendo muito superior ao
esperado.
Poucos meses após esta rotina de postagens estar em andamento, notamos
que começamos a ter oito vezes mais visitas em nosso site (onde estava o blog)
e a quantidade de orçamentos por semana aumentou muito.
E qual foi a relação com o blog e este resultado? Bem, a primeira coisa
é que texto indexa muito bem na internet e nos resultados das buscas. Hoje,
somos o primeiro resultado orgânico no Google para "Marketing Digital
Salvador", simplesmente possuímos muito conteúdo a este respeito. A
segunda coisa é que com tanto conteúdo, acabamos por construir uma autoridade
dentro do assunto, que garante uma segurança muito maior para o cliente nos
solicitar um orçamento.
TP: Muito se tem falado em redes sociais. As empresas baianas fazem um
investimento correto nessas mídias?
VG: O mercado baiano vem crescendo
no aspecto digital, mas a verdade é que ainda existe muito amadorismo no
tratamento deste serviço. Isso é culpa tanto do mercado - que não aceita os
valores cobrados pelas empresas e acaba preferindo contratar alguém interno e
sem qualificação, para cuidar das suas redes - mas também é culpa de parte dos
prestadores de serviço, que sucateiam o trabalho e seus profissionais para esta
tarefa.
Existem poucos profissionais realmente treinados para "Social
Media" em Salvador, com profundo conhecimento das redes sociais, suas
novidades, construção de personas, dentre as outras habilidades necessárias
para o cargo. Isso felizmente vem mudando aos poucos, mas encontramos muitas
pessoas que sabem fazer o básico e se contentam com o número de fãs de uma
fanpage, seguidores no Instagram ou visualizações no YouTube.
A verdade é que, um bom trabalho de Redes Sociais deveria custar, por
exemplo, muito mais do que é cobrado hoje pela maioria das agências, uma vez
que exigem ferramentas de análise e monitoramento relativamente caras,
profissionais qualificados e bem remunerados, treinamentos constantes (uma vez
que as redes se atualizam o tempo inteiro) e um nível de participação da
empresa contratante muito mais presente, para responder mensagens, enviar
conteúdo e investir em ações pontuais.
Infelizmente, toda essa estrutura acaba salgando demais o preço do
serviço, em um nível que o mercado baiano normalmente não aceita para a
prestação de serviços digitais. Mas, felizmente isso vem mudando.
TP: Como os vídeos podem ajudar uma empresa a obter mais resultados?
VG: Vídeos podem fazer parte da
estratégia de conteúdo de muitas empresas hoje em dia. Bons vídeos podem
trabalhar a autoridade da empresa ou do profissional da área, além de serem
muito mais fáceis de digerir do que um texto, para a maioria do público de
internet.
Entretanto, uma boa estratégia de produção de vídeos para empresas, não
deve descartar uma boa estratégia de produção de conteúdo textual em paralelo,
uma vez que texto indexa muito melhor em buscadores como o Google, do que
vídeos.
Vale lembrar que muitas pessoas acessam a internet por celulares e,
neste ponto, uma estratégia baseada apenas em vídeo pode ser comprometida por
um público que não pode visualizar o mesmo pelo celular, por conta do seu
pacote de dados ou cobertura do sinal.
TP: No site da Sigu há uma forte crítica aos sites. O que falta a eles
para garantir resultados às empresas?
VG: Não enxergo uma "forte
crítica aos sites" no nosso. Na verdade, apenas ressaltamos que o real
objetivo de um site deveria ser converter resultados, não apenas ser bonito. Em
nosso trabalho, tentamos explicar ao cliente o que funciona e o que não
funciona no desempenho de um site, em detrimento do que é apenas visualmente
bacana.
Por exemplo: Alguns clientes insistem em fazer seu site em flash, que é
uma tecnologia defasada com sérios problemas de responsividade e indexação,
além de não funcionar bem em alguns sistemas operacionais. "Ah, mas é
bonito", dizem alguns, mas se não funciona, não vale a pena.
Outras questões também precisam ser estudadas no desenvolvimento de um
site. Qual é o objetivo do site? Gerar contatos ou apresentar a empresa? Qual
vai ser o comportamento de seu público para fazê-lo chegar até a página de
conversão? Esse conteúdo, exposto dessa forma, irá indexar nos buscadores? Qual
o desempenho em celulares?
Preocupações como essas precisam ser pensadas no desenvolvimento dos sites, para evitar frustrações futuras com o ROI do mesmo. Ter um bom site é legal, mas você precisa mesmo é de resultados.
Preocupações como essas precisam ser pensadas no desenvolvimento dos sites, para evitar frustrações futuras com o ROI do mesmo. Ter um bom site é legal, mas você precisa mesmo é de resultados.
TP: Marketing de conteúdo é
importante, mas como ele chega até o consumidor?
VG: O consumidor busca conteúdo
através de buscadores, redes sociais e mesmo indicações de amigos. Nesse caso,
a melhor forma de atrair público com o seu conteúdo é produzi-lo de uma forma
que seja relevante para o mesmo e facilmente indexável.
TP: E quanto às ações mobile? Como as empresas baianas têm
investido?
VG: Cada vez mais é sentido a
importância do setor mobile para os investimentos de marketing digital. O
Smartphone já é o dispositivo mais utilizado para acessar a internet dentro de
casa, desbancando notebooks e mesmo desktops. O Google recentemente lançou uma
atualização em seu buscador, onde sites pensados para acessos mobile recebem
preferência nos resultados de busca, quando feitos por celular. Se a sua
empresa não incorporar esta mídia em sua estratégia digital, você estará
ignorando quase 51 milhões de brasileiros que acessam avidamente a internet
através desses dispositivos.
Existe uma escassez de profissionais mobile em Salvador. Seja pela
ausência de bons cursos, seja pela desvalorização do mercado local e que fazem
que estes poucos profissionais muitas vezes dêem preferência a mercados do Sudeste.
O custo mais elevado para desenvolver um site responsivo ou mobile,
também intimida empresas a contratar os mesmos em seu planejamento de site - o
que é um erro muitas vezes severo, que custa resultados valiosos a estes
negócios.
Entretanto, noto cada vez mais o surgimento de agências baianas focadas em mobile e da conscientização do mercado sobre a importância do mesmo. Acredito ser apenas uma questão de tempo para que o mobile seja reconhecido aqui como algo imprescindível a qualquer site.
Entretanto, noto cada vez mais o surgimento de agências baianas focadas em mobile e da conscientização do mercado sobre a importância do mesmo. Acredito ser apenas uma questão de tempo para que o mobile seja reconhecido aqui como algo imprescindível a qualquer site.
TP: Comunicação digital é uma tendência para os pequenos
anunciantes?
VG: Evidentemente. Quando se
começa um negócio, nem sempre se possui meios para investir em veículos convencionais
de massa, como outdoor, televisão e rádio. A internet surge, quase sempre, como
um meio mais acessível e gerador de grandes resultados para pequenas empresas.
TP: Deve haver um conceito único entre campanhas tradicionais e
digitais?
VG: A comunicação deve ser
planejada entre todas as mídias para que elas se complementem, independentemente
do meio. Uma vez que o seu público transita entre a internet, televisão e
offline sem distinção, não existe a menor razão para sua mensagem e conceito
serem diferentes entre estes meios. O uso da internet pode potencializar ações offline através da possibilidade
de interação e alavancar ainda mais os resultados do seu investimento de
marketing.
TP: Qual o perfil de um profissional de comunicação digital?
VG: Além da expertise técnica que
cada área digital necessita, o profissional precisa ser ávido a estudar e
pesquisar novidades na área. Não apenas por obrigação, mas por prazer em saber
o que há de novo.
Internet é um meio colaborativo, aberto para empreendedores que inovam a cada dia com uma nova ferramenta, rede, estudo ou recurso que podem melhorar ainda mais os seus resultados. O estudo deve então ser frequente e proativo. O exercício de manter um blog e atualizar o mesmo é uma boa maneira de lhe "forçar" a pesquisar constantemente.
Internet é um meio colaborativo, aberto para empreendedores que inovam a cada dia com uma nova ferramenta, rede, estudo ou recurso que podem melhorar ainda mais os seus resultados. O estudo deve então ser frequente e proativo. O exercício de manter um blog e atualizar o mesmo é uma boa maneira de lhe "forçar" a pesquisar constantemente.
Fora esta necessidade, um bom profissional da área digital precisa ter a
mente aberta para trabalhar com novas tecnologias e para abandonar as velhas e
desatualizadas, bem como ter um pensamento estratégico, focado na experiência
do usuário.
TP: Muitas agências têm se tornado empresas de comunicação
integrada. Isso é bom ou ruim para as empresas especializadas em comunicação
digital? Como você percebe essa transformação do mercado?
VG: Não há problema para o
mercado, desde que a comunicação integrada não seja apenas um termo utilizado para
forçar uma expertise onde não há. A comunicação, para ser pensada e executada
de forma "integrada", em teoria, deveria indicar que existem ali bons
profissionais altamente capacitados em todas as áreas da comunicação, para
pensar em uma estratégia transmidiática e multifacetada para seus clientes.
Isso é dificílimo e muito dispendioso para quase qualquer empresa em Salvador
manter.
O que acontece, muitas vezes na prática, é que a agência que só fazia
offline acaba contratando alguns estagiários para fazer "a web",
sobrecarregam outros profissionais com funções diversas e terceirizam boa parte
dos serviços mais especializados com empresas realmente focadas como a própria
Sigu.
Se isso é bom ou ruim, vai depender de como isso é vendido para o
mercado e executado pela agência. O cliente tem ciência das terceirizações que
ocorrem, quando ele contrata essa agência? O planejamento é realmente pensado
de forma "integrada" ou é vendido assim apenas para empurrar o máximo
de serviços para o cliente pagar mais? Existe realmente expertise nessas
agências para pensar a comunicação de forma integrada?
Aqui na Sigu somos focados em marketing digital, porque realmente conhecemos e somos capacitados para desenvolver estratégias nesta área. Todos nossos profissionais são de web e nosso dia-a-dia é discutindo este meio, evoluindo e focando para trazer mais resultados e tecnologias para internet.
Aqui na Sigu somos focados em marketing digital, porque realmente conhecemos e somos capacitados para desenvolver estratégias nesta área. Todos nossos profissionais são de web e nosso dia-a-dia é discutindo este meio, evoluindo e focando para trazer mais resultados e tecnologias para internet.
Onde você prefere comer uma boa massa? Em um restaurante que serve de
tudo, ou um que é especializado apenas em comida italiana? Acredito que uma
agência que diz fazer de tudo talvez não entregue um produto digital tão bem
quanto uma agência que é focada exclusivamente naquilo.
Inclusive, as chances são que esta agência "integrada" acabe
contratando a digital e colocando um preço em cima. Ou seja, em minha opinião,
ou se perde na qualidade ou se perde no preço.
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